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Não tenhamos ilusões. O cinema fica sempre aquém da vida por muito que se lhe queira aproximar. Uma Separação, do iraniano Asghar Farhadi, concorre para dar conta dessa impossibilidade. O espectador parte da desvantagem da sua condição específica, apesar da objectividade aparente que o filme oferece, e nunca poderá avaliar com justeza as razões mais profundas de cada personagem. Mesmo quando quer demasiado saber, como no caso da cena em que a filha do casal recém-separado tem que decidir com qual dos pais quer ficar, o realizador não se sente na obrigação de nos dar esse direito. Toma pela última vez o partido da realidade, concluindo a sua lição de cinema. Uma coisa fica bem clara: neste Irão, o "deus da carnificina" é mais cinzento ainda. Sentimo-nos retratados, como no filme de Polanski, mas com matizes e implicações de uma outra complexidade. Vai da tal tentativa de aproximação ao real. Está aqui um dos melhores filmes do ano passado.