1.16.2012
I Love You, Man (2009)
"Bromance" (que resulta da contração das palavras "brother" e "romance") é uma expressão que no cinema se aplica a filmes que contam uma história de amizade entre dois homens que se confunde com um romance. Regresso à explicação do termo porque vi recentemente a matriz perante a qual todos os "bromances" devem ser comparados. Um filme que termina num casamento, o de Peter Klaven (Paul Rudd) com Zooey (Rashida Jones), mas onde a declaração de amor que se escuta é entre os dois amigos: o noivo, Paul, e o padrinho e recente melhor amigo, Sydney (Jason Segel). "I love you, man", ouve-se da boca de Paul, no altar, para Sydney, e só nesse momento "menos próprio" porque foi necessário assistir ao nascimento e complicações decorrentes da amizade para desfazer as suspeitas que o título do filme produz em nós.
Há em definitivo algo de novo a passar-se com a comédia adulta norte-americana, jogos de aparências onde aquilo que parece anda sempre muito perto de se ver confirmado, onde os estereótipos masculino e feminino trocam as voltas ao espectador constantemente. Há também uma família de actores que surge com recorrência nos filmes dos realizadores/ produtores responsáveis por esta mesma renovação: gente como Judd Apatow (Knocked Up, Funny People); o realizador de I Love You Man, John Hamburg; o de Bridesmaids, Paul Feig, é só cruzar elencos para ver como a rede se estende de uns para outros. Há finalmente uma marca geracional que apela ao público que tem entre 30 e 40 anos, que se reconhecerá nas referências culturais (da cultura popular, por vezes embaraçosa) que as personagens referem. Mas o mais importante disto tudo, aquilo que é decisivo para nos ligarmos a estes filmes de modo mais profundo, é que os pequenos vícios humanos que levam a pôr em risco as relações entre os sexos (todas as variantes, com farta predominância do modelo heterosexual e da amizade) são apontados sem o sacrifício daquilo que individualiza cada personagem e lhe permite ser única e memorável. Não existem amores perfeitos, assim como também não há "bromances" perfeitos.
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