8.31.2010

Tributo ao melhor filme que vi em Agosto




















- Do you want to do it doggie style?

-You're not going to fuck me like a dog.

- It's doggie style. It's just the style. We don't have to go outside or anything.

Visões II

Car la nuit je mange
Une fille aux cheveux oranges
Qui me dit "T'es beau"
Moi, moi, moi, moi je ne la crois pas trop
Visage pâle et nom d'animal

[Night Shop, Benjamin Biolay]

8.30.2010

Visões
















Lindos cabelos. Péssimo filme.

8.28.2010

Eu não peço desculpa


























Chego ao metal com ouvidos abertos por todas as músicas. Alguns conhecidos que me vêm servindo de orientação, torcerão o nariz com a abrangência do gosto de quem aterra de fora (os amigos, calados, pensarão tratar-se de uma má fase que vai passar). É diferente perder para muitos coisas que considerávamos tão nossas, do que entrar num domínio de fronteira que a passagem do tempo deixou de fazer suscitar qualquer discussão. Aguardo por Arise para dar corpo à ideia que sempre tive do som Sepultura antes de o seu líder, Max Cavalera, abrir brechas por onde entraram batidas tribais do Brasil e a derrapagem cortante do nu-metal. Roots parece-me ser de certa forma o primeiro disco pós-Sepultura e também o primeiro pré-Soulfly. Para quem como eu começou por escutar Soulfly com maior atenção do que Sepultura (talvez com receio de não aguentar o impacto que está por vir), a entrada em Roots dá-se de modo natural, acolhendo com igual entusiasmo a brutalidade pagã de uns temas e as texturas fusionistas de outros. Não descortinei aqui nenhuma manobra iconoclasta relativamente ao corpo histórico do metal, apenas a derivação que vai embater no preconceito dos que não apanham o essencial: som, volume e detonação eléctrica.

Fantasma



















Capa do álbum Lady Cobra dos Riding Pânico.

Irène e outras mulheres
















Responsabilizo Alain Cavalier pelos sonhos que tive esta noite, por perturbações sentidas em noites passadas, aliás por visitas que chegaram em muitas noites dos últimos anos.

...



[texto]

8.24.2010

Rodrigo José Lima dos Santos



















Para novo embaraço dos grandes de Lisboa. Abram os olhos.

8.23.2010

Judd Apatow

















[...] A few nights ago a friend asked, Where are the women. We cruised by the place we thought they were. It was dead. We cruised by a couple other bars. By the way, cruising means slowing down and looking in the door or at the people on the sidewalk. I don't even know what we want to see. What would make us stop and go in.
I think my buddy would like to see a bar three-quarters full with a male/female ratio of twenty/eighty. Me, I'd like the bar to be near empty. With Emma Bowlcut sitting by herself, smoothing out an empty straw sleeve.
We could make an evening of things. (letter 33)

Opinião pública






















Estive por dois momentos, esta tarde, no Jumbo de Cascais, com o fora de série (e há bons anos fora de cena) Rui Jordão. Quando o craque acabava de soltar o carro das compras, rodava eu por ele incrédulo. Seria Jordão? O homem está impecável, t-shirt preta e sem o menor sinal das marcas do tempo. Abri a janela e perguntei: "Você é o Rui Jordão?". Aceno afirmativo, ao qual respondi com o polegar em riste. Mais tarde voltei a encontrá-lo em trânsito pelos corredores com sumos. Aí falámos brevíssimos instantes. Eu: "Você devia calçar as chuteiras e alinhar na quinta-feira!". Ele: "(sorrindo) Já não há condições...", Despedi-me agradecendo-lhe por tudo. Grande Rui Jordão, eu que acredito em coincidências vou fazer fé neste encontro. Vamos ganhar na Dinamarca e pela necessária margem de três golos.

Coração



8.21.2010

Verbo pária



Eu pária, tu pária, ele pária. Nós párias, vós párias, eles párias.

8.20.2010

Bons sonhos


























Parece que os Slipknot são párias entre adeptos veteranos do metal. A aversão ao novo, eu sei. Mas como entrei tarde tenho outra tolerância. Alice Cooper refere-se ao pessoal nórdico do black metal como cultores de halloween. As máscaras que dissimulam a identidade dos membros dos Slipknot parecem participar do culto. Eu não os reduziria ao estereótipo. Porque os ouvi falar para o nunca por de mais mencionado Metal: A Headbanger's Journey. Há ali um aproveitamento do instinto de rebelião dos adolescentes, mas há também uma forma de a catarse ocorrer em grupo que é sempre mais sadia. Parece que os fãs têm sabido separar as realidades, facto que ninguém terá coragem de julgar pernicioso. No meio da generalizada e universal incapacidade de atenção e de compreensão, os Slipknot à sua maneira explosiva mostram rostos de compaixão. E ninguém disse que a compaixão tem de ser bonita: tem de ser eficaz, aqui e agora.

8.19.2010

Fundo negro

Olho o início de temporada de dois directos competidores (Braga e Porto) e ocorrem-me três incómodas perguntinhas:
Por que é que os nossos reforços não reforçam? Evaldo tem o corredor truncado com Valdés à frente (Valdés que faria muito melhor na posição de Matías, penso eu de que...); Torsiglieri não atingiu a titularidade: e se caro ele custou?; Nuno André Coelho revela bom posicionamento mas precisa de um central experiente do lado, que Carriço até melhor ver não é; Maniche ainda não estabilizou (é capaz do bom e do seriamente comprometedor); André Santos é incógnita para fazer alinhar nas partidas suaves; Pongolle tarda em abrir os seus cahiers du Sinama; Postiga é decididamente carta furada.
Por que é que a equipa não joga? Parece amarrada de ideias, a qualidade técnica não flui, aos corredores falta ligação directa lateral-extremo e o jogo muda pouco de sentido (correm todos para um lado ou para o outro, todos para o mesmo lado).
Por que é que a bola não entra? É que não entra mesmo.
Se os reforços pouco ou nada acrescentam, a responsabilidade é de Costinha.
Se a equipa nada ou quase nada joga, perguntem a Paulo Sérgio?
Se a bola não entra, os craques que digam de sua falta de jeito.
Mas para todas estas interrogações há um joker maior que não se chama "cotonete". Como poderia coisa tão branca ter vindo a marcar-nos tão negro destino? Para esta não arrisco resposta. Encolho os ombros, resignado e triste.

P. muito S. Em compensação, hoje nasceu-nos o António.

P.S. Whatever happened to Diogo Salomão?

8.18.2010

Um quase silêncio


















As minhas férias têm sido experiências com o silêncio. Chego diariamente ao fim da tarde ao Guincho, anónimo. Barrão cinzento no caminho que faço de ouvidos fechados, chega para desencorajar os locais. Alguns estrangeiros na praia e eu sozinho no mar com os kitesurfers um pouco à frente. A água não está fria para mim, o vermelho da bandeira nada intimida. Fico nas ondas até me doerem os ouvidos. Depois deito-me por momentos com as field recordings do pretérito actualizado. Vozes longínquas, o som do vento a levantar a areia, o ruído do mar que não assusta. Anónimo permaneço até final. Não conheço ninguém, ninguém me dirige a palavra. Tenho sons na cabeça e não abro a boca. Dialogo apenas com os pensamentos. O caminho de regresso é também pausada meditação. O carro parece que desliza autónomo. São momentos de quase silêncio. São todos para mim e uma vez esgotados evaporam-se no céu dos kitesurfers meus vizinhos.

8.17.2010

Letter 20

[...] The clouds here are specific. White outlined with lavender. Headed east. Accept them with my compliments. I saw an eagle flying so so high in the sky. Sometimes I wish we were an eagle.

Letters to Emma Bowlcut (a Drag City book)

Use your disillusion

[...] Most bands never sign a record contract. They are the losers in a Darwinian struggle for access to the facilities of the mediators: the record companies and the concert promoters. [...] The losers have often gone through a great deal of sacrifice and frustration before they call it quits or their bands dissolve around them. A writer for a metal magazine observed that while there are very few success stories "there are literally thousands of tales of rock 'n' roll heartbreak and disillusion."

Heavy Metal, the Music and its Culture, Deena Weinstein (Da Capo)

8.16.2010

Samurai Hee-Haw




















Na Playstation do meu sobrinho, Daisuke Matsui já assiste para golo de Yannick Djaló.

8.11.2010

Painted from memory
















































Protecção animal


The easy living


























Estou num momento da vida em que ver um tipo incendiar uma nota de 100 dólares (ou 100 euros, whatever), como faz Randy Blythe para acender o charuto do guitarrista da sua banda, Mark Morton (exclamando, jocosamente, "easy living"), me dá vontade imediata de lhe assaltar as trombas. Em tempos participei numa longa-metragem portuguesa e tudo correu bem até ao dia suplementar de rodagem. Aí passei-me dos carretos com a imaturidade da equipa de produção, mas nunca coloquei em risco o trabalho do realizador. É preciso ter atravessado algumas situações de stress relacional para dar justo valor ao grau de exposição dos Lamb of God neste documento surpreendente. Killadelphia intercala o alinhamento de uma noite de concerto na cidade americana de Filadélfia, com diferentes momentos da mesma digressão que promovia o álbum Ashes of the Wake. E temos direito a the whole shebang. Os Lamb of God são indivíduos normais como qualquer um de nós, e persistem aqui em mostrar que o são. Dudes, como os próprios se auto-intitulam: se os corações deles amolecem ao receber na estrada a visita das esposas, com o efeito curioso de assistirmos à reprodução de um padrão de comportamento na presença das mulheres, uma vez removido o elemento feminino do cenário é ver como a tensão cresce até ao conflito físico entre os elementos da banda (mais propriamente entre o vocalista Randy Blythe e Mark Morton). Será de mais? Teria sido escusado incluir a cena de pancada no vídeo? Pensei nisto alguns minutos, acabando por chegar à conclusão de que a lógica what you see is what you get deveria prevalecer. Não que isto ajude a cimentar o mito, que os mitos hoje nascem e morrem num só dia. É de frontalidade que se trata (da criação de uma aura colectiva por via da desmistificação do conceito de rock star), e os Lamb of God assumem-na até às relativamente extremas consequências. Em última análise, eles serão sempre avaliados pela performance musical, que no exemplo em mãos é superlativa. Das bandas de metal que conheço apenas os clássicos Slayer se lhes comparam. Intensidade visceral compacta, aliada a uma maior juventude. Lamb of fucking God, indeed.

8.10.2010

Rock and roll


















Etched in black ink on the heel of Alison Mosshart’s left hand is a tattoo: “14-2-02”—Valentine’s Day, 2002. It’s a very important date for the 30-year-old singer, marking the first time she took the stage with Jamie Hince, her cohort in The Kills.

[...]

BLASBERG: Ew! You sweat?
MOSSHART: When I’m done playing I look like I’ve just jumped in a pool. It’s really sexy.


[...]

BLASBERG: What were the bands you most admired when you were young?
MOSSHART: Velvet Underground, Sonic Youth, Patti Smith, Captain Beefheart, the Stones . . . Johnny Cash!

Voodoo de dois (mais dois)


























Com uma crueza que supera a do disco inaugural, quando um grita mata o outro berra esfola. Ele é Jack White, ela Alison Mosshart. Ninguém se atravesse no meio deles.

Depois do concerto


























Corríamos para casa e metíamo-nos no duche.

Amon à morte


























Os suecos Amon Amarth tocaram em Lisboa em Outubro de 2007. Escutei ecos entusiásticos de quem esteve no concerto do Coliseu e li promessas escritas na Net que falavam em não dar descanso ao "moinho" até que o pescoço desse de si. Eu só cheguei aos Amon Amarth em 2010. Entrei pelo Fate of Norms adentro e senti-me em casa aos primeiros acordes do tema-título. Quando se gosta de uma música dos Amon Amarth, descobri depois, gosta-se de todas. Comprei em seguida o Twilight of the Thunder God, que tem uma capa graficamente mais elaborada, embora a essência do som da banda se mantenha como dantes. É claro que eu queria vê-los ao vivo tão rápido quanto possível, e a descoberta do triplo-DVD Wrath of the Norsemen respondeu generosamente às minhas preces. São mais de 7 horas de Amon Amarth, das quais descasquei ainda apenas duas. Registos feitos em cima do álbum que conheço melhor, Fate of Norms, o que só reforça o impacto do primeiro encontro. A realização do concerto que abre esta edição da Metal Blade (ocorrido na cidade alemã de Colónia) é competente dentro de parâmetros médios de exigência, mas mais importante que isso é a sua reprodução integral e a tremenda qualidade sonora. Pormenor também nada despiciendo é observar que os corpos destes vikings pertencem mais ao mundo real que ao mitológico, com a ostentação sadia das protuberâncias abdominais vitaminadas por muita cerveja. É pelo menos isso que o vocalista Johan Hegg diz beber do corno que carrega à cintura de início até final da grande festa: celebração do individualismo colorida com elementos da cultura nórdica que nunca se sobrepõem ao concreto da cerimónia. O mesmo Johan Hegg dirige-se num dado momento ao público pedindo que as pessoas tenham atenção ao calor que se vive na sala (à pinha) e que respeitem no possível o bem-estar uns dos outros. Em cenário bárbaro impera o bom-senso, coisa que muito valorizo apesar dos privilégios de quem participa, no caso, a partir de sua casa.

O passado e o presente


























Custou um bocadinho mas eu havia de lá chegar. Magic Potion tornou tudo mais claro (bastou ouvir primeiro a guitarra e só depois dar atenção à voz).

8.09.2010

In utero


























Existe música que anuncia ciclicamente o seu poder de renovação que em casos pouco frequentes chega a concretizar. O Red Album pertence à banda de metal progressivo Baroness e a sua vida íntima remete metaforicamente para o milagre de outras. Para uma descrição não tão orgânica (alguém arriscou visualizar a sugerida menstruação?), fiquem por esta que é de fonte segura: "... those qualities culminate into a dynamic, moving landscape, full of unexpected pitfalls, lifts, and classic bait-and-switches. [...] The textures have become holistic atmospheres, the peaks anthemic strongholds, and the clashes unavoidable cataclysms. When they intersect in the middle, Red Album is hard to doubt."

Segunda pele


Paz sonha com Kaurismäki















It's easy to see you've got rock'n'roll in your blood.

8.06.2010

Koyuki Kato



A cabeça cheia de mulheres que não existem. Um dia rebento.

Milla Jovovich


























por Mario Sorrenti.

É preciso acrescentar qualquer coisa. Por exemplo, que Sorrenti foi amante da modelo no passado, e quando se olha para as imagens faz-se figas para acreditar que a informação seja verdadeira (a tal história de nunca nos separarmos definitivamente das mulheres que amámos). O cenário interior parisiense, a lembrar a casa do amor de Brando e Maria Schneider em O Último Tango... Finalmente a aura magnífica de Milla, que dá corpo simultaneamente ao modelo e à obra de arte finalizada. Escolhi a fotografia de que mais gosto, mas vale muito a pena conhecer o ensaio completo para a Purple Magazine. Fica o link para recordar sempre.

Robin Wright




















por Katy Grannan.

8.05.2010

S. M.

8.04.2010

Permitido pelo autor


















Pela primeira vez recebi autorização do fotógrafo para a utilização de uma imagem neste blogue. Não costumo pedir, é um facto. Deixo a cada um a opinião de se terá valido a pena.

[fotografia de Dana Richardson]

8.03.2010

Toy Story

"i plan on losing my virginity to this song haha"

Mário Bettencourt Resendes

Mário Bettencourt Resendes foi o único director de jornal que conheci, corria o ano de 94 (ou 95) e na qualidade de estagiário, no DN, eu alimentava a expectativa de me tornar jornalista cultural. Foram três meses muito bons e terei falado com ele por duas ocasiões: quando entrei ter-me-á dado a mim e a outros as boas-vindas da praxe e quando saí ter-se-á despedido, como é do protocolo. Fiquei com outra ideia sobre a sua pessoa bastante mais tarde, pois regra geral é com o noticiário das 22 horas da SIC Notícias que acompanho o jantar. Mário Bettencourt Resendes era comentador regular deste espaço de informação e recordo com agrado o modo como cumprimentava a jornalista da casa, Ana Lourenço, tratando-a por "Ana", e deixando notar uma intensidade no olhar sempre que se lhe dirigia: reflexo nada enganador do homem que além de analista ponderado dedicava particular atenção à beleza feminina. O que guardo de Mário Bettencourt Resendes é sobretudo aquele sorriso.

8.02.2010

Chapéu no cabide



I don't want no woman, telling me what to do
I don't want no woman, telling me what to do
Well, I'm grown now darling, just as grown as you
I don't want no woman, telling me this and that
I don't want no woman, telling me this and that
Yes, it makes me mad darling, and I don't go for that
You drink your whiskey, I drink my wine
You tend to your business, and I tend to mine
I don't want no woman, telling me how to live my life
Yes, I'm gonna leave you darling, 'cause I don't want
no wife
I don't want no woman, telling me how to live my life
Yes, I'm gonna leave you darling, 'cause I don't want
no wife
You used to boss your man, that I won't deny
Before I let you boss me, I lay down and die
I don't want no woman, telling me how to live my life
Yes, I'm gonna leave you darling, 'cause I don't want
no wife

Second life


























Basta juntar álcool.

Culi nudi tondi come soli


















Fotografia de dott. Dulcamara.

Ordem do desassossego


























Cleo Pires tatua poesia de Fernando Pessoa para posar nua.

Cartas e postais


























O que é próprio da estação.

Photo-finish
















Identificação de uma Mulher (1982) trata dos trabalhos de um indivíduo, o realizador Niccolò, até que este se convença de que fica melhor sozinho. O seu projecto de filme, que não avança além da ideia de ter uma mulher por protagonista, conclui-se (na cabeça dele) com a imagem de uma nave espacial que se dirige para o Sol para estudá-lo. Michelangelo Antonioni parece querer dizer-nos que desse modo são menores as hipóteses do homem "se queimar", o que à luz dos acontecimentos até à altura faz bastante sentido. Ou de como um filme só se decide nos derradeiros fotogramas.

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