Muito.
9.30.2011
Creme Barney
À razão de se mover em territórios onde cinema e arte contemporânea se interceptam, originando a categoria do cinema experimental por oposição ao cinema narrativo (do meu ponto de vista todo o cinema é narrativo mas deixemo-nos de complicações), o trabalho audiovisual de Matthew Barney (n. 1967) resulta numa espécie de "beyond Cronenberg", e a fusão do homem com a máquina (entre outros materiais, objectos, artefactos, coisas enfim) atinge leituras metafóricas que reportam sempre ao sexo, umas mais percepcionáveis que outras. O filme Hoist (2004), que integra o conjunto de curtas-metragens cujo título é Destricted, muito pobre se analisadas caso a caso, com a excepção dos contributos de Barney e de Larry Clark, é das melhores coisas que vi do seu autor e mexe comigo a um nível diria que inconsciente. Matthew Barney apresenta o estimulo sexual destituído do outro, uma espécie de competição do falo consigo mesmo que se esgota na mecânica onanista. É muito redutor na medida em que não descortinamos sentimentos, mas a metáfora é poderosa, polémica e até política. Se vos repugnar também não faz mal (aqui na versão em russo, o que é quase irrelevante).
9.29.2011
O mundo onde vivemos
No mundo em que vivemos tomam-nos e fazem-nos de néscios o tempo todo. Informação igual a desinformação. O mais sábio é talvez aquele que não quer saber do mundo e se ocupa apenas com a esfera privada. Há demasiado ruído, demasiado lixo no mundo. Goldman Sachs, up your asses!
9.28.2011
Outro que chora
«She always said, "Hey, it's Joan." Her voice carried a husk and registered as mid-range contralto. I'd ask her if her hair was up or down and whether or not she was wearing her glasses. She'd say "Up" or "Down" and "Yes" or "No" with a swoopy inflection. It always pulled tears out of me. I never told her this. I was grateful for every small kindness she showed me. My gratitude remains in Joan's long-standing absence.»
The Hilliker Curse - My Pursuit of Women
The illness of need that is love
Por outro lado, to be in love is to have a future tense.
Estão aqui alguns dos minutos mais valiosos, para mim, que tive oportunidade de ver na televisão. Minutos que iluminam o coração, a alma, a inteligência, talvez num ponto onde estes três elementos se tocam, talvez a partir do minuto sete onde é mesmo possível verem-me de lágrimas nos olhos. Porque sempre mantive a ferida aberta.
9.27.2011
Mal de vivre
O bicho dorme, o bicho come, o bicho bebe, o bicho paga, brinca, caga, ama e fode. O que é que lhe dói? Dói-nos viver.
9.24.2011
Ponham aqui os dentes
9.23.2011
Rivais bestiais
As disputas entre os All Blacks e a selecção francesa encerram uma das rivalidades mais estimulantes do rugby contemporâneo. O histórico é claramente favorável à potência do hemisfério sul, só que nos últimos quatro embates as vitórias repartiram-se e penalizaram duramente os sempre favoritos em encontro do Mundial de 2007 não isento de polémica. É como se a França tivesse passado a agigantar-se quando encontra os neozelandeses. A última fornada de jogadores da França apostou em pessoal deveras encorpado e com má cara (Chabal desta vez ficou de fora... mas mesmo assim), e Marc Lievremont trabalhou muito o seu grupo no plano defensivo. Ideal seria que este novo confronto resultasse num espectáculo de rugby de ataque, uma vez que em termos colectivos e com a oval a passar de mão para mão, estas são as nações que mais fazem ascender a modalidade no plano técnico aliado à velocidade.
Vamos ver às 9h30 da manhã deste sábado, os que estiverem para aí virados.
9.22.2011
Out of the game
James Ellroy admite perante a jornalista ruiva e alta que os senhores perversos do canal francês colocaram a entrevistá-lo, que está "out of the game" de perseguir "a" mulher, e isto no sentido mais desgraçado e literal, dos seus sonhos. Só um romântico ao extremo diria uma coisa destas, pois sabe o desgaste que dá idealizar e idealizar para dar em nada, e então idealiza ao limite para acreditar ainda com mais força que o está a fazer pela última vez. James Ellroy, you are my brother!
R.E.M. (1980-2011)
Penso que há pelo menos outra pessoa que conheço que escolhia esta de entre todas as possíveis.
Lia & Gross (thumbs up/thumbs down)
Vida de casal. A minha cabeça é minha. A tua cabeça é tua. A minha cabeça é tua.
[Na imagem a dupla de críticos de cinema Gene Siskel e Roger Ebert que ao longo de décadas manteve programas populares de TV onde os filmes abordados terminavam invariavelmente com a classificação thumbs up ou thumbs down.]
Um feitiço do tempo
Meia-noite em Paris é uma fantasia movida a romantismo e nostalgia. O filme de Woody Allen é de uma total legibilidade, no que constitui o seu principal mérito e relativa limitação. O plano da realidade dentro do filme é modesto, se exceptuarmos o casal de neo-cons que encara com desagrado o casamento da única filha com o protagonista, Gil Pender (Owen Wilson). É aliás do pai uma das melhores tiradas de Meia-noite em Paris, quando confrontado com as viagens ao passado do então ex-futuro genro a quem manda dizer "hello to Trotsky".
Já o plano da fantasia, que remete para exemplos do cinema americano de outra era, nem tão longínqua quanto isso, exuberantes de imaginação e delírio, como são a saga Back to the Future (1985-1990) e O Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993) de Harold Ramis, resulta por vezes em cheio embora mantendo-se a tal legibilidade por inteiro, e as figuras icónicas da Paris anos 20 serem umas mais caricaturais que outras, talvez demasiado reféns do estereótipo: estou a lembrar-me da personagem Ernest Hemingway (na imagem, ao centro), que não deixa por isso de ter outra das melhores falas a registar, uma "baboseira" em que apetece a alguns de nós, homens, acreditar, e que passo a citar: All men fear death. It's a natural fear that consumes us all. We fear death because we feel that we haven't loved well enough or loved at all, which ultimately are one and the same. However, when you make love with a truly great woman, one that deserves the utmost respect in this world and one that makes you feel truly powerful, that fear of death completely disappears. Because when you are sharing your body and heart with a great woman the world fades away. You two are the only ones in the entire universe. You conquer what most lesser men have never conquered before, you have conquered a great woman's heart, the most vulnerable thing she can offer to another. Death no longer lingers in the mind. Fear no longer clouds your heart. Only passion for living, and for loving, become your sole reality. This is no easy task for it takes insurmountable courage. But remember this, for that moment when you are making love with a woman of true greatness you will feel immortal.
Meia-noite em Paris resulta em absoluto no apelo ao senso comum, usando de frequentes lugares-comuns, das imagens iniciais da capital francesa até ao traço dos bonecos da sua féerie. Falta-lhe um pouco de mistério, elemento decisivo para que fosse mais que um divertimento inteligente que se vê e se esquece.
9.21.2011
Meia década
O tempo veio dar uma razão do caraças a este filme. Numa época em que julgamos que podemos e que merecemos ter tudo o que desejamos, é comum depreciarmos o que temos. Little Children entra por essa fratura adentro e é de uma presciência psicológica que causa perturbação. Tenho pensado nele algumas vezes desde a última vez que o vi, que não foi assim há tantos meses. Só quando andamos por entre pais com crianças, antecipando comportamentos, escutando histórias, o quadro ganha total nitidez. Oxalá saiba dar sempre o valor justo ao que sendo "meu" me transcende. Àquilo que sendo livre me "pertence".
9.20.2011
9.19.2011
The open road
Mellow is the man who knows what he's been missin',
many many men can't see the open road.
Ah, mas a estrada abre-se com os primeiros versos.
9.17.2011
Dia histórico para o rugby irlandês
9.16.2011
9.15.2011
9.14.2011
Filmes importantes que corremos o risco de não ver nas salas (em 2011 ou 2012)
O cartaz, o clip disponível, aspectos conhecidos da narrativa, são reveladores de um contexto histórico e dramatúrgico que remete para a excelente adaptação que Neil Jordan fez de The End of the Affair, de Graham Greene, com Ralph Fiennes e Julianne Moore. Só que devemos esperar que essas linhas de força de algum modo se esbatam face às particularidades estilísticas de Terence Davies: os seus longos takes, a demarcação de um tempo ficcional que tem tanto de nostálgico como de elegíaco, e uma acentuada palidez emocional. São filmes que implicam sempre a aferição dos afectos pelo intelecto, um aspecto raro no cinema exterior à órbita de autores bem determinados, e que quando não resulta gera incómodo e enfado.
Leite creme
Ingredientes:
1 litro de leite
7 gemas
150g de açúcar
2 colheres de sopa de farinha maizena
2 cascas de limão
Açúcar q.b.
Preparação:
Num tacho, misture muito bem as gemas com a farinha maizena.
Junte o açúcar e misture tudo.
Aos poucos, acrescente o leite.
Por fim, acrescente a casca de limão.
Leve ao lume, mexendo sempre até começar a borbulhar.
Logo que comece a borbulhar, apague o lume e retire as cascas de limão.
Coloque o leite creme numa travessa ou em tacinhas.
Depois de frio e na hora de servir, polvilhe com açúcar e queime-o com um ferro próprio para o efeito.
1 litro de leite
7 gemas
150g de açúcar
2 colheres de sopa de farinha maizena
2 cascas de limão
Açúcar q.b.
Preparação:
Num tacho, misture muito bem as gemas com a farinha maizena.
Junte o açúcar e misture tudo.
Aos poucos, acrescente o leite.
Por fim, acrescente a casca de limão.
Leve ao lume, mexendo sempre até começar a borbulhar.
Logo que comece a borbulhar, apague o lume e retire as cascas de limão.
Coloque o leite creme numa travessa ou em tacinhas.
Depois de frio e na hora de servir, polvilhe com açúcar e queime-o com um ferro próprio para o efeito.
9.13.2011
9.12.2011
A medida dela
9.11.2011
Voando sobre um ninho de cacos
John Carpenter esteve praticamente uma década sem filmar para cinema. Regressou este ano com The Ward/ O Hospício, a "period piece" ambientada numa ala remota de hospital psiquiátrico nos anos 60. Percebo pouco o que terá interessado Carpenter em tão pífia história, que tira um magro coelho da cartola nos instantes finais. Acho mesmo que o filme se tornaria mais interessante se a conversa da "split personality" tivesse chegado mais cedo. Carpenter podia ser sacana mas não é. Filma esta espécie de filme de prisão no feminino com iguais pudor e competência. Há momentos em que se percebe que John Carpenter não é um realizador qualquer: a cena da fuga pelas condutas do ar condicionado é um desses momentos. Mas regra geral o filme é fraco e a resilência da protagonista não convence ninguém. Carpenter precisa da próxima vez de outra coisa qualquer. Dêem-lhe um western excêntrico, um filme politicamente enviesado, algo que dê a impressão que tinha de ser filmado por ele. Mais exercícios de estilo rétro a tender para o anonimato, não obrigado.
9.09.2011
9.08.2011
Um vídeo com batatas fritas
Às vezes o que apetece mesmo é um bom bife com batatas fritas. Aplicado ao rock é o que os Foo Fighters representam. Há mais drama nos dez minutos de que este documentário se ocupa com a trajectória dos Nirvana, que na restante hora e meia dedicada à banda de Dave Grohl (atenção! das personalidades que mais admiração me suscita no panorama global da música; o gajo que sonhava que um dia num concerto o baterista da banda estaria incapacitado e que perguntavam ao público se de entre toda aquela gente alguém se sentia capaz de os acompanhar...). Os Foo Fighters nem em termos individuais nem colectivos têm carisma para fazer sobressair um trabalho desta natureza. Back and Forth apresenta a estrutura convencional que obedece à cronologia intercalada com imagens de arquivo e respectivos depoimentos. Das várias platitudes psicológicas destaca-se o óbvio protagonismo de Dave Grohl, o vizinho do lado que "sem saber como" se tornou uma estrela a nível planetário. Mas que é muito (toneladas) melhor músico que isso. Back and Forth vê-se com o prazer de quem come um bom vídeo com batatas fritas.
O Gaspar morreu hoje
O Gaspar morreu hoje. Era assim como o bicho aqui na imagem. Foi o cão dos meus pais durante 12 anos. Tornou-se na principal companhia da minha mãe que gostava de ficar acordada até mais tarde que o resto das pessoas. O Gaspar terá ido viver connosco por alturas em que saí lá de casa. As memórias que dele recupero são de visitas semanais que se foram tornando mais espaçadas e agora quase inexistentes. É preciso saber identificar a idade de um cão por sinais que escapam à maioria. Eu não sei notar. A dada altura o Gaspar começou a cheirar mal: a raça dele tem tendência para ganhar problemas de pele (de pêlo). Deixei então de fazer uma coisa que surpreendia a plateia. Pegá-lo pelas patas da frente e erguê-lo no ar como se fosse uma criança. O Gaspar parecia ter confiança em mim. Agora que morreu pergunto-me se terá tido uma vida boa? É o que se faz quando as pessoas morrem e a vida dos cães sendo mais curta não é assim tão diferente da nossa. Muitos momentos banais e esquecíveis, os aniversários, a descendência que se deixa ou não deixa. A vida do Gaspar terá sido uma vida como todas as outras. No balanço final é mais o que se equivale e esqueçe que o que se recorda e prevalece. O Gaspar morreu hoje com 12 anos. Acabou-se.
9.07.2011
Longing
Tenho lido breves coisas na blogosfera sobre os Blue Nile: quatro álbuns, bastante bons, entre 1983 e 2004. Tomara grande parte das bandas de hoje cantarem com uma migalha do sentido de "longing" que a voz de Paul Buchanan carrega. O Google devolve "saudade" quando pedimos a tradução de "longing". É mais que isso. "Longing" implica dor física, algo que é comum associarmos a alguém e não a algo. É a versão pungente e concreta da saudade. Dói mais, pelo menos.
Let's look at the one hundred minutes trailer
9.06.2011
9.05.2011
Back & Forth
A fatiota National parece paródia mas os gajos devem ter montes de outras coisas em que pensar.
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