2.27.2009

Vai buscar


























(...) it's refreshing to see a couple of guys swipe from the Rolling Stones, New York Dolls, and Led Zeppelin and not give a shit about piety. Their newest record, Heart On, delivers more of the same, though that's hardly a pejorative when more of the same means being tighter than Cindy McCain's smile.

Fui buscar. Já ouvi. Junto a referência aos T. Rex, que me parece óbvia. Josh Homme rules (once again)!

O grande salto


















Randy "The Ram", o lutador de Mickey Rourke, é a figura que o filme destaca de uma galeria de sujeitos que estão entre o super-herói xunga e o Cristo de versão white trash. Pena que o olhar de Darren Aronofsky se distraia com os aspectos grotescos daquele universo, e não consiga atribuir outra estatura humana às personagens. Assumo a pretensão de dizer que era preciso alguém mais batido para acreditarmos que quem filmou estabeleceu empatia com o que foi filmado. E há exemplos concretos daquilo que gosto menos neste The Wrestler: a cena em que os lutadores veteranos estão distribuidos pelas bancas onde se vendem artigos ligados às suas pequenas histórias, quando Aronosfky prefere de novo inserir planos que reforçam a decadência física dos homens; ainda o plano em que Randy, depois de dar umas linhas de coca, fornica violentamente uma jovem "bimba"; também o momento em que o realizador filma a stripper interpretada por Marisa Tomei a dançar de rabo espetado para nós, oferecendo-se ao olhar da câmara que devia ser o primeiro a protegê-la; por último justamente o derradeiro plano do filme, horrível, com o salto em ralenti, olhado de baixo para cima, no comeback final de Randy (e eu nunca tive grande opinião de Butch Cassidy and the Sundance Kid...).
Bastava a The Wrestler ter outro realizador para que os resultados fossem além da indistinta mediania. Ninguém de especial. Um Stallone seria suficiente.

2.26.2009

... e hoje no semanário O Distrito de Portalegre

















Foto: Monica Almeida/New York Times

Viva Hollywood «bollywoodizada»
Devo começar por dizer que me considero um dos derrotados da recente noite dos Óscares. Duplamente derrotado. Não só optei deliberadamente por deixar passar o grande vencedor da noite, Slumdog Millionaire/Quem Quer ser Bilionário?, do inglês Danny Boyle (estreado em Portugal na primeira semana de Fevereiro), decisão sem precedentes nos anos anteriores em que fiz ponto de honra de atravessar a cerimónia com total conhecimento dos principais nomeados, como face ao escasso entusiasmo que me motivaram os filmes representados nas principais categorias – que incluíam Milk, de Gus Van Sant; The Reader/O Leitor, de Stephen Daldry; Frost/Nixon, de Ron Howard –, a minha preferência acabou indo para The Curious Case of Benjamin Button/O Estranho Caso de Benjamin Button, de David Fincher, que das 13 nomeações que tinha só obteve êxito nas categorias de Direcção Artística, Caracterização e Efeitos Visuais. Benjamin Button ganhou afinal naquilo que o filme traz de mais impressionante, e que simboliza o actual alcance das técnicas digitais, e não só, ao dispor do cinema hegemónico como é o de Hollywood.
Só que Hollywood perdeu, ou antes, Hollywood estendeu a passadeira vermelha a Bollywood por intermédio de uma produção britânica, país que de há alguns a esta parte serve de laboratório de experimentação da grande indústria cinematográfica, tanto nos filmes de imagem real como na área da Animação. Mesmo não tendo visto Slumdog Millionaire, o que este quase absoluto triunfo parece significar é que por um lado os votantes da Academia têm vindo a renovar-se e com isso o paradigma do que entendemos por «academismo» não é mais o mesmo, depois que o modo como nos relacionamos com as imagens e as ficções, cada vez mais fragmentado e com outros referentes ao nível da cultura popular, dá conta de um efeito de globalização dos referentes que acolhe as linhas de força narrativa de uma história universal independentemente do contexto mais ou menos exótico onde esta decorre. Apenas pelo que sei de Slumdog Millionaire, pela natureza do concurso televisivo que lhe serve de eixo, pelo que conheço da proposta cinematográfica de outros títulos de Danny Boyle (que se notabilizou com Trainspotting), que em parte pode ser classificada de «estética MTV» e que se encontra tão difundida como a Coca Cola, e pelo que o trailer me fez antecipar, corro o risco de dizer que o filme de Boyle não andará longe do cruzamento do realismo televisivo com uma linguagem de videoclip, ancorada claro está na música. Se alguma ilação podemos tirar dos oito Óscares (em dez possíveis) conquistados por Quem Quer Ser Bilionário?, é que o ritmo se sobrepõe no gosto do dia à narrativa, e que o cinema para a generalidade dos espectadores tornou-se uma experiência sobretudo sensorial, valorizada pela cor e pela música. Deste ponto de vista a cerimónia propriamente dita foi pobre, e nem sequer quis disfarçar a sua condição. Hugh Jackman, o anfitrião, protagonista de Austrália, talvez o maior fracasso de 2008 tendo em conta as proporções e as ambições, até nem começou mal, rodeado de adereços de «papelão» que apresentaram os principais candidatos da noite. Puxou a certa altura a jovem Anne Hathaway para perto dele, a responsável pela única nomeação do filme de Jonathan Demme, O Casamento de Rachel, que mostrou ter óptima voz num aparente improviso que imagino combinado. Mais tarde Jackman voltou a cantar e a dançar desta vez com Beyoncé Knowles e o conjunto de bailarinos coreografado pelo realizador de Austrália e de Moulin Rouge, Buz Luhrman, no que se revelou um tremendo equívoco que nem de esmola terá servido para o peditório da revitalização do género Musical. Mais conseguida me pareceu a opção pela escolha de cinco actores, ora femininos ora masculinos, todos premiados, que vieram apresentar e presentear os seus congéneres nas quatro categorias de representação: Melhor Actor/Actriz, principal e secundário(a). Era Hollywood a jogar com o que tem de melhor, o seu capital humano, personificado por gente talentosa como Christopher Walken, Robert De Niro, Shirley MacLaine, Adrien Brody ou Anjelica Huston. Estas aparições, tal como o melhor momento da noite protagonizado por Jerry Lewis, que recebeu o Jean Hersholt Humanitarian Award pelo seu trabalho na divulgação e no apoio à investigação em torno da distrofia muscular, destacam-se pelo tom justo, pela emoção correcta, distante da celebração balofa que culminaria com a subida ao palco da grande família de Bombaim, Índia, que trouxe o pretenso pigmento a tão descolorida celebração.

Ricardo Gross

Jogaram com o autocarro na nossa grande-área mas depois vi um filme diferente




2.25.2009

Horny


2.20.2009

Sheik mates











2.19.2009

Último sangue















Eastwood realizou certo dia o filme que enterrou o género cuja mitologia Eastwood ajudara a projectar: o Western. Em Gran Torino, Clint Eastwood termina com a sua persona cinematográfica. E fá-lo literalmente. Mas antes, partindo da caricatura grotesca que parece construída com os chavões (machista, xenófobo, justiceiro) que lhe aplicaram quando não era consensual e muito menos considerado um Autor, Clint Eastwood vai retirando lasca após lasca à sua personagem, Walt Kowalski, até sobrar apenas a figura mais humana que a própria vida. Gran Torino é o filme em que Eastwood dá o corpo às balas, dele e de outros, e como nunca antes é da sua destruição que nasce a possibilidade de herdarmos «o mundo» corrigido por tão desconcertante (e desarmante) exemplo. É sabido que ninguém podia fazer de Eastwood a não ser Clint himself. Desconhecíamos no entanto as nuances extremas que decorrem da aceitação do acto de filmar-se «na corda bamba»: da auto-paródia, da caricatura que caso se impusesse ao filme lhe retirava a possibilidade da transcendência – aquilo que o espectador esperará que ocorra de alguma forma, como nos exemplos da despedida à chuva de As Pontes de Madison County, ou da morte induzida em Million Dollar Baby.
Gran Torino é uma espécie de irmão de série B de Imperdoável. Walt Kowalski pode ser visto como a versão envelhecida do sargento Tom Highway, de Heartbreak Ridge, no prolongamento da rabugice do Frankie Dunn de Million Dollar Baby, e da truculência dos Space Cowboys. É o filme onde, por paradoxal que seja, Eastwood se desprende e nos liberta da sua imagem iconográfica de «herói macho» (quem não alimentou até final as expectativas de um outro desfecho que atire a primeira pedra…), ao mesmo tempo que a fixa na eternidade: pense-se na leitura a tirar do plano desfocado da condecoração de guerra colocada no peito do jovem Thao, para sempre marcado pela decisão do seu protector. Gran Torino é daquelas proezas que só estão ao alcance dos que nada têm a provar. Eastwood deixa neste filme o seu último sangue.
Gosto muito de cinema, mas gosto muito mais de Clint Eastwood.

2.18.2009

Quero mais

A terceira faixa do Zoot Allures chama-se The Torture Never Stops. E marca-nos. Trago vergões no plexo solar que provam que não minto.

Afinidades comunicantes


Pode chegar-se até lá pelos olhos dos bichos (ou pela mesma disposição carismática dos perfis), mas relacionar César com Zappa terá implicações que apenas começam no gosto da provocação, e que se prolongam por sucessivos banquetes, uns mais elitistas que outros, para onde foram convocadas, integradas, trituradas referências culturais de vários tamanhos. A gente tende a reunir aqueles a quem quer bem.

2.17.2009

Nome de família

Zapping














(...)

2.16.2009

Viva Darwin!!!! (último)

O meu blogue favorito é com frequência o meu próprio blogue.

Viva Darwin!!!














Um dos primeiros vinis que tive era de Frank Zappa. Sleep Dirt (1979) ter-me-á sido oferecido pelo aniversário, em 79 ou 80. Eu teria portanto nove ou dez anos. Não lembro grande coisa do disco, acho que alguém soltava gases intestinais numa das faixas, mas ficou o recalcamento, that's for sure... E assim como nunca peguei na edição da Penguin dos pensamentos de Pascal que guardo ainda, onde surge reproduzida a máscara mortuária deste, o tabu Frank Zappa terá em Sleep Dirt o seu acontecimento incitante. Há meses atrás ouvi-o por alto e juro que não consigo entender o que terá levado o meu melhor amigo a achar que eu ia curtir aquele som. Ainda hoje Sleep Dirt é totalmente gélido e far out. Mas ao longo da minha educação musical o nome Frank Zappa vinha à baila, e da boca de gente cuja opinião eu muito respeitava. Tentei diversas portas de entrada, e acabava sempre rechassado. Agora que me reaproximei do rock e me encontro cada vez mais tonificado, decidi fazer nova tentativa. Estou a seguir a discografia de Zappa por ordem cronológica, de encontro aos álbuns consensuais.
Neste momento importa fazer um movimento de recuo em direcção à data da edição de Map of Africa (projecto de Thom Bullock com Harvey Bassett), algures em 2007. É que mesmo com a memória deveras residual do som Zappa (ou pelo menos de um determinado som circunscrito a alguns anos, que Zappa tem mais encarnações em vida que qualquer outro músico que nos ocorra lembrar), ao descobrir Map of Africa a primeira coisa que me assaltou tinha relação com a música de Frank Zappa. A lógica do raciocínio completou-se este fim-de-semana graças ao estupendo Over-Nite Sensation (1973). As afinidades sonoras entre os dois discos disparam com os temas Dirty Lovin (de Map of Africa) e Dirty Love (de Over-Nite Sensation) e preenchem o espaço em volta.
Há uma viscosidade nesta música, um lado untuoso da secção rítmica que serve a temática satírica das canções, no apelo à desobstrução dos poros e à partilha de fluidos. Música definitivamente não aconselhável a almas sensíveis, mas sim a mentes lascivas.

Viva Darwin!!















Foto: Brenin, o lobo.

«Why did we walk an evolutionary path neglected by the wolf? (...) sex and violence. This is what made us the men and women we are today. Even a lucky wolf – an alpha male or female – gets to have sex only once or twice a year. Many wolves never have sex – nor do they give any obvious signs of missing or ressenting their enforced abstinence. Ape that I am, I can't quite manage to look at sexual matters objectively: but imagine an ethologist from Mars engaged in a comparative study of the sexual lives of wolves and humans. Might not the ethologist conclude that the wolf's attitude towards sex is, in many ways, a fundamentally wholesome and restrained one: they enjoy it when they have it, but don't miss it when they don't? If we replace the wolf with a human and sex with alcohol, we might say that the human had managed to cultivate a healthy attitude, steering effectively between the vices of excessive indulgence and repressive abstinence. But we can't bring ourselves to think about sex in this way. Of course we should miss it when we don't have it, we are compelled to think: this is natural, this is healthy. We think this way because we are apes. In comparison with the wolf, the ape is addicted to sex.»

[The Philosopher and the Wolf: Lessons from the Wild on Love, Death and Happiness, Mark Rowlands, p. 74/75]

Viva Darwin!




















Paul Griffen, o neozelandês da selecção italiana de rugby.

2.13.2009

A tartaruga do Marcelo




















A tartaruga do Marcelo Camelo é a sua própria música. Sei do que falo pois não tenho ouvido outra coisa com tanta insistência quanto Sou, que pode chamar-se Nós dependendo da maneira como pegamos no disco. As canções e os instrumentais, inclusive um pedaço de ruído ambiente sacado numa praia onde se percebe o movimento das ondas do mar, caminham devagar e ao mínimo sobressalto parece que escapam para dentro da carapaça e terminam. Experimentem com o cágado lá de casa ou então com um caracol. Toquem-lhes no focinho a ver o que acontece. Assim é a música de Marcelo Camelo. Tímida mas genial. Frágil, delicada, com detalhes do mais fino artesanato. Até as palavras soam a pensamentos que tombam no papel sem que ele tenha dado por isso. E nós de tanto escutar acabamos por notá-los. Identificarmo-nos com essa doce melancolia. Tenho amigos que são assim como o Marcelo Camelo, e que por acaso fazem música também. Acho que posso dizer que podia ser amigo do Marcelo, caso ele não vivesse em Copacabana mas em Telheiras.

Já ganhou

















L'âge des images
por Cyril Neyrat
[Cahiers du Cinéma, Fev. 2009, p. 12-14]

David Fincher a grandi. Non que son film soit meilleur que Zodiac, mais son cinéma continue à gagner en amplitude, spatiale et temporelle, à élargir sa vision historique, de l’Amérique et de Hollywood. Zodiac dépliait son récit sur trente ans, triple la mise. Si l’on considère avec les historiens que le XXe siècle a commencé en 1918, avec la passation définitive du pouvoir géopolitique de l’Europe aux États-Unis, c’est alors une histoire du XXe siècle que raconte ce film. (Certains affirment que le XXIe ne commence vraiment qu’avec l’élection d’Obama, le désastre Bush ayant marqué la fin de l’agonie du XXe. Katrina restera, avec la guerre en Irak, le symbole de ce désastre.)

L’importance de Zodiac réside dans sa manière, rare à Hollywood, de problématiser la représentation du passé en ouvrant dans l’image un désaccord, un dissensus. En copiant le cinéma américain des années 1970, Fincher faisait un saut esthétique dans le passé, mais compliquait le saut par une greffe, dans le récit et dans l’image, d’une seconde temporalité - contemporaine, numérique : le jeune dessinateur de BD qui ne vieillit pas, semble soustrait au passage du temps. Cette greffe creusait un écart dans l’image et dans le récit, les soumettait à deux régimes de perception contradictoires : le régime de l’imagerie seventies, du cliché reproductible et reconnaissable, contredit par celui de l’image comme apparition d’un nouveau, d’un inconnu à déchiffrer et interpréter. Cette conjonction d’une aberration temporelle et d’un dissensus sensible faisait tout l’intérêt de Zodiac. Le pacte hollywoodien repose sur la certitude que l’image du passé va de soi, ne fait pas question. C’est le cas jusqu’au Cronenberg de History of Violence et au Coppola de L’Homme sans âge. Chez Fincher, fabriquer l’image du passé est devenu un problème. L’Étrange histoire de Benjamin Button le soulève à nouveau, différemment.

Benjamin Button est une aberration temporelle: un homme qui naît vieillard et rajeunit au fil du temps, pour mourir nourrisson. Sa vie est racontée en une série de longs flash-back se succédant dans l’ordre chronologique: dans un hôpital de La Nouvelle Orléans, en 2005, dans les heures qui précèdent le passage de l’ouragan Katrina, une vieille femme mourante demande à sa fille de lui faire la lecture d’un carnet, dans lequel un homme a écrit son autobiographie. La jeune femme comprend au fil de la lecture que sa mère a aimé cet homme dont elle n’a jamais entendu parler, puis qu’il est son père. Le flash-back s’interrompt régulièrement pour revenir dans la chambre d’hôpital, où, après quelques commentaires sur l’histoire ou sur l’approche de Katrina, la lecture reprend et relance le récit. Chaque segment raconte un moment de la vie de Button et de l’histoire américaine telle qu’il l’a traversée.

Le régime représentatif est celui d’une imagerie hollywoodienne classique, dont Fincher ressuscite les clichés. Après l’expérimentation contemporaine de Se7en et de Fight Club et le «concentré temporel » de Panic Room, après l’imitation seventies de Zodiac, il finit par investir le coeur de l’usine à images hollywoodienne. Les patronymes de certains personnages, M. Gateau ou M. Button, trahissent ce choix de l’imagerie la plus partagée, celle du conte de fées, telle qu’Hollywood se l’est appropriée.

Ce parti pris de copiste d’une norme hollywoodienne explique notamment la manière dont la question raciale dans la Nouvelle-Orléans des années 1930 est escamotée par Fincher. Katrina n’est qu’une figure du destin, et non le cataclysme urbain qui, au début du XXIe siècle, a violemment rappelé la persistance de la ségrégation socio-économique. Négligeant le révisionnisme historique et son souci de réalisme, Fincher se contente de reconduire la vision très édulcorée et optimiste de la question raciale et tous les clichés du bon Noir hollywoodien. Tizzy, le pygmée errant qui, le premier, fait découvrir le monde à Benjamin, évoque en trois phrases les désagréments de sa vie de paria, pour vite entonner le couplet idéologique d’un éloge de la différence et de la liberté qu’elle octroie à qui sait l’assumer.

Ce conservatisme imagier détermine aussi la partition métamorphique de Brad Pitt. Lorsqu’il n’est pas grimé, pendant les vingt ans où l’apparence physique de Button est plus ou moins conforme à son âge, il décline les prototypes successifs du mâle américain. La chef costumière dit avoir conçu les tenues du héros en prenant comme modèle, non l’homme de la rue, mais la star représentative de chaque décennie : Gary Cooper pour les années 1940, James Dean et Marlon Brando pour les fifties, Steve McQueen pour les sixties. Au passage, l’acteur Brad Pitt incarne donc chacun de ses prédécesseurs dans la lignée de stars qu’il est supposé prolonger. Fincher confirme et rehausse l’usage du cliché en ouvrant l’épisode années 1950 par un plan de Button à moto, copie fidèle d’une des images totémiques de l’album James Dean. Autre exemple : le temps d’une figure de danse improvisée la nuit au bord du lac Pontchartrain, Daisy/Blanchett devient Cyd Charisse dans un musical MGM.

Fincher s’acquitte de son travail de copiste avec un bonheur variable. La formidable bataille navale rivalise d’intensité et d’invention graphique avec les meilleurs films de guerre de l’âge d’or. Loin de la grâce d’un Done/Kelly, le pas de deux de Blanchett/Charisse en reste à la mièvrerie d’un musical de série.

Traité comme tel, un cliché est une image morte, usée et dévitalisée par sa reproduction infinie. Prendre le parti du cliché, c’est prendre le risque d’un film inerte. Tout le travail consiste à revitaliser le cliché, à le rendre à la vie de l’image. Dans L’Étrange Histoire de Benjamin Button, ce travail est assumé par le héros luimême, de deux manières. La plus évidente tient au scénario autobiographique, qui double la traversée du siècle par un récit d’apprentissage. Chaque situation se divise: connue, reconnue car conforme à l’imagerie hollywoodienne pour le spectateur, mais inconnue, découverte par le jeune Button, qui expérimente une succession de «premières fois». Première fois qu’il voit mourir un proche, première fois qu’il va au bordel, etc. Considéré du point de vue d’un jeune homme, inséré dans un récit d’apprentissage, le cliché s’anime, s’ouvre, se complexifie. Ainsi de la maison de retraite où grandit/rajeunit le vieil enfant: le tableau mièvre des premières scènes devient le cadre d’une succession de très belles séquences initiatiques - la prise de conscience de la mort par un enfant aura rarement été figurée avec une telle gravité.

En-dehors du foyer, l’apprentissage est un secret que Benjamin ne partage pas. Le principal agent perturbateur du cliché est alors l’aberration temporelle d’une conscience d’enfant sous une apparence de vieillard, puis d’homme mûr. Les meilleures séquences ont pour sujet la relation du héros avec les femmes, car Fincher a l’intelligence de traduire en surcroît d’intensité le malentendu quant à l’âge de Button: il les voit avec les yeux d’un enfant sans expérience, elles se comportent avec lui comme avec un homme. Alors le film déborde, traverse le cliché pour retrouver la pleine puissance d’un cinéma porté par une aura intacte. C’est la séquence du bordel, qui dégage soudain une odeur de vérité non aseptisée. C’est surtout le magnifique épisode amoureux à Mourmansk, avec Elizabeth, la femme du conseiller britannique - le jeune Button, Brad Pitt et le spectateur subjugués par la classe de Tilda Swinton.

Lorsque l’anomalie temporelle cesse d’opérer, soit parce que Daisy (Cate Blanchett), la partenaire de Button, connaît son secret, soit parce que l’écart des deux âges, à mi-parcours, s’est résorbé, reste l’imagerie d’un mélo dont l’idée du destin rappelle davantage Amélie Poulain que Douglas Sirk. Entre temps forts - plutôt la première moitié - et temps faibles - qui dominent la seconde -, entre le romanesque de Henry James (Benjamin et Elizabeth) et le roman-photo de Marc Lévy (Benjamin et Daisy), la réussite inégale de L’Étrange Histoire de Benjamin Button est celle d’un film qui se risque au coeur de la fabrique d’images hollywoodienne et de son rapport à l’Amérique, pour faire le point sur son histoire et sur sa situation récente. C’était l’ambition de Forrest Gump (déjà écrit par Eric Roth) et de Titanic, auquel on pense souvent, au-delà des deux citations explicites - Daisy et Benjamin enfants sur la proue du bateau, la mer de cadavres.

Là où Cameron ne s’embarrassait pas de scrupules et faisait tourner à plein régime la vieille usine à rêves et à clichés, au risque de la faire exploser, Fincher se pose des questions d’histoire, des questions d’âge. Que découvre-t-il ? Que l’Amérique n’est pas si jeune qu’on le dit, que c’est peut-être le plus vieux pays du monde, comme disait Gertrude Stein dès 1918, et elle ajoutait: parce qu’il a inventé le XXe siècle bien avant les autres. Et le cinéma hollywoodien est le plus vieux du monde, puisqu’il a inventé l’Amérique. Benjamin Button, c’est l’Amérique et le cinéma hollywoodien. Son Étrange Histoire est la leur: à la fois jeune et vieux, pris dans une contradiction temporelle permanente, sauf pendant une vingtaine d’années au milieu du siècle. On peut le regretter, mais on aurait tort de reprocher à Fincher son usage d’une vieille imagerie, car c’est le sujet même de son film. Contrairement à beaucoup de ses contemporains, il a eu le mérite de réaliser un film qui sait et fait son âge. Ses regains de jeunesse sont magnifiques. Mais il est trop vieux, peutêtre, pour montrer de Katrina autre chose que la montée de l’eau dans la remise où rouille l’horloge de M. Gateau.

The Reader


















In memoriam Sydney Pollack e Anthony Minghella.

Quando da «obamania» se fez psicodrama


















Depois do remake de triste memória com base no Candidato da Manchúria de John Frankenheimer, surgido em igual momento crucial da história política norte-americana, que culminou com a reeleição de Bush, Jonathan Demme confunde de novo o que é fazer um filme político ou usar da mais descarada demagogia. O Casamento de Rachel outra coisa não é que a expiação da culpa americana cena após cena. E a culpa encontra-se toda do lado dos brancos. Negros, asiáticos e hispânicos são figuras alegres, pacíficas e conciliadoras, tal como no exemplo do futuro marido de Rachel que obviamente serve a representação do desejo de mudança a que a eleição de Barack Obama atribuiu eco universal. Obama, claro está, é inimputável para com o desatino de Jonathan Demme, que faz aqui um filme esquemático, denunciado e beato em busca da América miscigenada e idílica. Um país que só aliviará a culpa acumulada com a integração absoluta e festiva das outras culturas, como num Carnaval ingénuo e acrítico. O Casamento de Rachel é cinematograficamente vulgar (nem toda a câmara que balança assina Cassavetes), e parte de um argumento que verte clichés democraticamente e sem olhar à cor. Nenhum instante se justifica a não ser pelo despoletar do conflito que expõe a disfuncionalidade do lado da família da noiva, que só pode ser abafado com os tambores de África e a bonomia sábia das suas gentes. Não me recordo da última vez que vi um filme tão conceptualmente a preto-e-branco.

2.12.2009

Encher o depósito














Colocando no post um filme que faz o coração disparar noutra parte do corpo (Lost Highway), uma canção de Leadbelly acabada de escutar na voz de Nick Cave (Black Betty), e o tipo "Betty Page" de mulher que se dá bem com a atmosfera de um dos poucos sítios que podem surpreender na noite lisboeta (cujo nome não digo porque da última vez que lá entrei aquilo rebentava pelas paredes).

Quatro escuro














Dois discos* vestidos de negro.

* na realidade quatro: um CD simples mais um triplo-CD.

Call me Snake


















(foto: mestre Avedon)

FUI AGARRADO



You're a Boa Constrictor!
You're that person who is always offering massages to people and you
spend a lot of time training yourself to get better at giving them. Sometimes,
however, you make people just a little nervous with how close you're getting to
their neck. But you can usually knead them right back into a false sense of
security, er, I mean into feeling comfortable. Your mouth seems to be capable of
opening wider than anyone else's. You've sometimes wondered what it would be like to be made out of feathers.

Take the Animal Quiz
at the Blue Pyramid.

(e a culpa é dela).

Dois rapazes pós-industriais














Esta noite, no Museu do Chiado, os Aquaparque apresentam É Isso Aí à malta das Artes, aos fiéis da programação Filho Único, aos leitores do Ípsilon, aos clientes Flur, tudo grupos permeáveis entre si. A habitual centena de pessoas, onde é provável que me volte a incluir, pode assistir ainda a uma primeira parte marcada para as 22h com Gavin Russon, que alguns conhecerão do disco Days of Mars gravado em conjunto com Delia Gonzalez.
Mas os Aquaparque são por assim dizer cabeças de cartaz, jogam em casa. E têm motivos com que se orgulhar face aos resultados do seu CD de estreia. Fala-se em inúmeras referências a propósito dos temas de É Isso Aí, e com acerto. Resumiria tudo numa fórmula: a música dos Aquaparque soa-me a Variações in the Bush of Ghosts. Parte dos elementos de que é comum partir-se – som, voz, melodia, ritmo, palavras – e aplica-lhe uma hierarquia personalizada, integrada nas correntes actuais de experimentação com o formato canção (aqui mandam os Animal Collective). Os Aquaparque mostram ter gozo na bricolage que praticam, procuram a imanência de um certo caos, e escutá-los representa um desafio até que se crie familiaridade com aquelas estruturas. Eles apenas nada inventam porque nada mais há para inventar.

2.11.2009

A marca do outro mundo


























Uma das coisas que Helen Mirren disse a Piers Morgan quando ele a entrevistou no final do ano passado para a GQ inglesa, foi que costumava atrasar uma hora o despertador para ter sexo com o companheiro. No mundo que conheço é o tipo de comportamento que atribuo aos homens (a alguns homens), mas isso significa apenas que nunca encontrei mulheres do outro mundo.

Papel pardo
























Não desviar a atenção do essencial. Os primeiros compassos de Sou/ Nós, de Marcelo Camelo, com aquelas guitarras meio aos encontrões, dois para cá dois para lá, dão a medida do que se afigura um disco raro, logo extraordinário. Escorregadio. Nonchalant. Geleia geral.

Quiz/ Show

Queria muito fazer o Book Quiz mas para ser honesto não consigo decidir-me sobre a primeira pergunta.

Lições de condução






















The Art of Driving
(Black Box Recorder)

You're quite precautious
I know which button should be pressed
Let's go out driving
I'll wait until you pass the test
We can get a hood down
Throw away those learner plates
You got the hang of steering
Now try stepping on the brakes

You've been driving way too fast
You've been pushing way too hard
You've been taking things too far
Who do you think you are?

Do you believe in love at first sight?
Do you believe in fate?
I believe the good things
Only come to those who wait
We've got to plan the journey
Eliminate all mistakes
Take the safe route
It's called the art of driving

Maybe wait until the summertime
Maybe wait until December
Because a heartfelt seduction
Lasts a life time

You've been driving way too fast
You've been pushing way too hard
You've been taking things too far
Who do you think you are?

It's called the art of driving
The art of driving
It's just the art of driving

I wish you'd learn to slow down
You might get there at the end
Don't think the accelerating pedal
Is the man's best friend
You don't have to break the speed limit
You don't have to break your neck
Another dead boy-racer
Cut out from the wreak

You've been driving way too fast
You've been pushing way too hard
You've been taking things too far
Who do you think you are?

Maybe wait until the summertime
Maybe wait until December
Because a heartfelt seduction
Lasts a life time

It's called the art of driving
It's called the art of driving
It's called the art of driving
The art of driving

dedicado a mim.

2.10.2009

Baseado em factos reais




















O livro é sobre o professor de filosofia que comprou uma cria de lobo que foi sua grande companhia enquanto o bicho viveu, cerca de 11 anos. Não entrei no reduto filosófico do texto, mas o carácter inseparável de tão inusitada relação está fundamentado. O lobo não é um animal de estimação e só em parte as práticas que desenvolvemos com cães podem ser-lhe adaptadas. Brenin acompanhava Mark para todo o lado: nas aulas, e foram várias as universidades onde Mark ensinou, ou nas deslocações quando havia jogo de rugby (os companheiros de equipa de Mark aproveitavam a curiosidade suscitada pelo animal para engatar miúdas). A cada manhã acordava-o com a pujante língua áspera e húmida, colocava-se aos seus pés sempre que Mark se sentava para escrever, ou de noite quando repetia o prazer que a garrafa de Jack Daniel's traz engarrafado. As primeiras cinquenta páginas parecem encaminhar-nos para o estado de espírito com que o resto do livro deve ser lido. (Provavelmente, a continuar.)

2.09.2009

Presença pela ausência





















Pensava eu, na minha ignorância, que Presence era o primeiro disco dos Zeppelin sem John Bonham. Percebo agora que os Led Zeppelin terminaram na sequência da morte do seu baterista. Pelo que entretanto vi do documentário em quatro partes, Led Zeppelin, In the Light (que a Fnac volta a disponibilizar, em exclusivo, e que me parece uma muito nobre peça jornalística, isenta e repleta de informação), isto faz todo o sentido. Os Zeppelin eram uma identidade constituída por quatro músicos fabulosos, e unicamente desse modo poderia existir. Isto é muito raro, caso único (?), na história da música popular. Não vejo agora razão para não seguir até ao fim da discografia da banda, que encerra com Coda, reunião de sobras dos seus doze anos de actividade. Mas antes há Presence.

The working hour























Era um domingo à noite. O bairro estava vazio. O bar quase deserto. Havia um prato a rodar e uma música que não reconheci, mas que sabia ser deles. E não mais esqueci o disco, até que da vez seguinte que a ouvi já foi em casa.

Express yourself


























Antony Hegarty terá sido o primeiro a estranhar a androginia da sua voz e as primeiras manifestações dessa muito particular sensibilidade artística. Ao terceiro disco e após a consagração do Mercury Prize a somar às vendas extraordinárias de I Am a Bird Now, tudo isso ficou para trás (mas nunca completamente). As entrevistas de Antony e os resultados que se descobrem em The Crying Light apontam para a aceitação e para uma maior confiança no seu trabalho: é significativo, por exemplo, que Antony tenha prescindido dos duetos que pontuavam o anterior CD. The Crying Light apresenta depurada a beleza do imaginário de Antony, cujo canto me recordou hoje o Billy MacKenzie de Winter Academy, que lembra por sua vez Peggy Lee interpretando o tema do filme Johnny Guitar. Os espirituais brancos de Antony and the Johnsons são afinal uma declinação da torch song de outros tempos. O que arde e nos consola nestas canções não podia ser mais universal. Extinguem-se memórias e emoções distantes, alimentadas por um desejo de transcendência. As pequenas mortes na vida são verdadeiramente estas e não escolhem género, apenas pessoas. E erguem-se depois em beleza se esta existir dentro delas.

2.06.2009

Plant


E o intemporal Mark Eitzel




















Uma foto dos American Music Club sob antecipada influência "Benjamin Button" para relembrar que a banda de Mark Eitzel, Sean Hoffman, Steve Didelot e Vudi entrou na idade em que a experiência acumula qualidade (considerando o princípio de que alguma vez a pudesse subtrair). The Golden Age continua a ser disco tão essencial em 2009 como no passado ano em que foi editado.

Espalhar a notícia


























Há coisas que ouço neste álbum dos The Walkmen que se tornam mais numerosas na exacta medida do entusiasmo que o mesmo suscita. Dos primeiros U2, aos Waterboys, a Bob Dylan, aos Tindersticks e aos The National, a sonoridade aponta para o que veio antes e o compasso valsado de alguns temas dá a medida da intemporalidade dos afectos que toca. Vira o disco.

2.05.2009

Namorar ou apenas





















Sintra. 14 de Fevereiro de 2009. Dez horas da noite.

Dylanesque





















Elvis Perkins pode ser o filho do actor de Psycho (facto), mas na música as raízes são outras. Regressei a Ash Wednesday que é o tipo de disco que não sabemos bem porque compramos quando os comprámos, e que com o passar do tempo e o repassar das audições vamos valorizando acima de outros. Como se aquilo que deriva da folk criasse connosco uma relação não impositiva próxima da amizade, perpetuando-se para lá das paixões que vamos desenvolvendo e largando por géneros musicais mais imediatos e circunscritos ao momento presente. Em Março sairá o segundo disco de Perkins, que tem por título o nome da sua actual banda: Elvis Perkins in Dearland.

2.04.2009

Para que serve o Romagnoli





















Foi um Sporting A+B contra um Porto B+C. Jesualdo apostou em adiar o inadiável e as coisas começaram por lhe correr bem (apesar de eu ter estranhado a agressividade de Tarik, a roçar a violência). Mas visto agora à distância, o domínio do Sporting durante 60 minutos do jogo foi significativo. O primeiro penálti parece-me que não. O segundo parece-me que sim. A partir daqui o Porto soltou-se como equipa, e o Sporting deu rédea solta à sua arte: os dois golos de Derlei que arrumaram a eliminatória estão ao nível do melhor futebol praticado em qualquer parte do mundo: não esquecer a assistência de Vukcevic para o 3-1; ou o centro de Izmailov para o 4-1. Junto com Polga, Moutinho e Adrien Silva, as grandes traves desta vitória expressiva. E quando o Porto quis reagir faltou matéria prima. Se não vencerem o Benfica, Jesualdo vai ter de se explicar muito bem. Mas isso já não é problema nosso. O próximo obstáculo chama-se Braga e só isso interessa até às 20h50 desse domingo. Todos mas todos mesmo a Alvalade!

Hope (e sopas de pacote*)


















Querem esperança? Eu dou-vos a esperança.

* "sopas de pacote" é a designação que encontrei para a generalidade dos filmes que vejo no cinema. Diz tudo o que é preciso a quem já provou e sabe aquilo que come.

Destino


Ó tempo volta para trás



















Conhecem a cantiga?

[e para que no ar não fiquem apenas insinuações e trolaró, devo esclarecer que achei Milk um pouco desnatado].

2.03.2009

A mitologia do Western





















Admito que possa ser do lapso momentâneo de referências, mas não é em Escape from New York que nos apercebemos mais facilmente da aplicação da matriz Western numa variante, para o caso, "futurista". No entanto existem elementos que remetem para essa genealogia, como o exemplo da pala no olho usada por Snake Plissken (Kurt Russell) que faz pensar de imediato em realizadores como John Ford ou André De Toth, mas sobretudo no John Wayne do True Grit de Henry Hathaway, figura que muitos trataram em vida pela simples alcunha de Duke.
O filme de John Carpenter passa-se numa Nova Iorque do futuro, que já é passado. Nos anos anteriores a 1997, de acordo com o filme, Manhattan teria sido transformada em toda a superfície numa prisão de alta segurança para onde se entrava e de onde não mais se saía. A premissa de Escape from New York tem algo de premonitório que é o acto terrorista que desvia o Air Force One, o avião presidencial, de encontro à cidade. Plissken, que aguarda transferência perpétua para a Ilha, terá possibilidade de ver a sua pena comutada caso aceite a missão de resgatar o Presidente (Donald Pleasence) que veio a cair nas mãos dos vândalos encerrados, liderados pelo (atenção à referência cruzada!) The Duke (Isaac Hayes), tal como Natalie Wood viria a ser refém dos índios nessa obra máxima que é The Searchers (A Desaparecida), de John Ford.
Mas finalmente aquilo que ancora Escape from New York no espírito do Western tem a ver com a couraça do protagonista, Snake Plissken. Snake ("call him Snake!") é o renegado que confia apenas nas próprias capacidades. É o individualista e o sobrevivente nato, o herói de pragmáticos recursos que volvidos todos estes anos se tornou mais politicamente incorrecto ainda. Um homem onde merece a pena pôr os olhos, e copiar a atitude: tão cedo não corto o cabelo e a barba fica como está. Grande filme. Grande Carpenter.

Arquivo do blogue