2.16.2009

Viva Darwin!!!














Um dos primeiros vinis que tive era de Frank Zappa. Sleep Dirt (1979) ter-me-á sido oferecido pelo aniversário, em 79 ou 80. Eu teria portanto nove ou dez anos. Não lembro grande coisa do disco, acho que alguém soltava gases intestinais numa das faixas, mas ficou o recalcamento, that's for sure... E assim como nunca peguei na edição da Penguin dos pensamentos de Pascal que guardo ainda, onde surge reproduzida a máscara mortuária deste, o tabu Frank Zappa terá em Sleep Dirt o seu acontecimento incitante. Há meses atrás ouvi-o por alto e juro que não consigo entender o que terá levado o meu melhor amigo a achar que eu ia curtir aquele som. Ainda hoje Sleep Dirt é totalmente gélido e far out. Mas ao longo da minha educação musical o nome Frank Zappa vinha à baila, e da boca de gente cuja opinião eu muito respeitava. Tentei diversas portas de entrada, e acabava sempre rechassado. Agora que me reaproximei do rock e me encontro cada vez mais tonificado, decidi fazer nova tentativa. Estou a seguir a discografia de Zappa por ordem cronológica, de encontro aos álbuns consensuais.
Neste momento importa fazer um movimento de recuo em direcção à data da edição de Map of Africa (projecto de Thom Bullock com Harvey Bassett), algures em 2007. É que mesmo com a memória deveras residual do som Zappa (ou pelo menos de um determinado som circunscrito a alguns anos, que Zappa tem mais encarnações em vida que qualquer outro músico que nos ocorra lembrar), ao descobrir Map of Africa a primeira coisa que me assaltou tinha relação com a música de Frank Zappa. A lógica do raciocínio completou-se este fim-de-semana graças ao estupendo Over-Nite Sensation (1973). As afinidades sonoras entre os dois discos disparam com os temas Dirty Lovin (de Map of Africa) e Dirty Love (de Over-Nite Sensation) e preenchem o espaço em volta.
Há uma viscosidade nesta música, um lado untuoso da secção rítmica que serve a temática satírica das canções, no apelo à desobstrução dos poros e à partilha de fluidos. Música definitivamente não aconselhável a almas sensíveis, mas sim a mentes lascivas.

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