8.31.2008
Obrigatório
Em concerto vemos a obra-prima de Sondheim na segunda expressão mais simples. Música, palavras, vozes, um mínimo de encenação. Existe ainda a orquestra sinfónica que só uma sala de concerto pode comportar. Sweeney cresce operático. Os cantores interpretam quase exclusivamente com a voz. Uma perfeição de estarrecer a acrescentar às emoções suscitadas pelas gravações em disco, e pelo filme de Tim Burton. Stephen Sondheim esteve lá para ajudar nos ensaios e para receber a mais sonora e justíssima ovação final.
Demasiado humano
Wall-E é um filme nostálgico, e não há mais funda nostalgia do que a que remete para os instantes em que a felicidade nos trespassou deixando-nos, por breves ou longos momentos, maravilhados. Wall-E é nostálgico pela infância, pela inocência, pelos brinquedos, pelo analógico, por um certo deslumbramento representado aqui pelo romantismo dos musicais. Ser romântico no séc. XXI é ser nostálgico. É acreditar que o coração poderá um dia voltar a despertar do sono profundo. O melhor elogio que posso fazer a este filme prodigioso é o de que nem que por instantes reforçou a minha crença.
8.27.2008
Muda aos cinco
Vamos por partes. O Sporting encontrou esta noite a equipa mais forte que defrontará esta época. O Real Madrid, jogando na primeira metade contra um Sporting feito de cinco ou seis titulares e seis ou cinco suplentes, vincou com cinco golos contra um (de Izmailov) a diferença dos plantéis. A coisa podia ser dramática no sentido em que cada aproximação do Real à nossa área surgia carregada de um potencial letal de fazer tremer os menos habituados: o franco-argentino Higuaín fez um golo igualzinho ao do Hulk contra o Belém. Mérito do Sporting em ter-se batido sempre com enorme dignidade, e de na segunda parte ter vindo a escrever uma história completamente outra. Com Moutinho, Abel e Djaló no onze suplementar, o resultado deu 2-0 a nosso favor. Dois golos, um para Yannick (assistência perfeita de Moutinho), o outro de Veloso em lance de bola parada. Jogadas de belo efeito, diagonais a rasgar pelo onze madrileno adentro, um Sporting de carácter a disputar a taça até ao derradeiro minuto. Respeitando embora a superioridade do adversário, todos os sportinguistas só podem ter orgulho na nossa equipa. Vamos a Braga para ganhar: de cabeça erguida e de olho sempre na baliza.
Zepp mama
Nós por cá fizemos vista grossa a este improvável encontro, e fomos nós que ficámos a perder. T-Bone Burnett produziu as sessões de Raising Sand onde se reúnem as vozes de Alison Krauss - que toca violino e canta como um anjo, e não é de agora (ver toda a discografia na Rounder s.f.f.) - e de Robert Plant, cuja sensibilidade para a folk vem já dos tempos dos Led Zeppelin, e que sabe usar o potentíssimo aparelho vocal com subtileza e discrição quando a ocasião o pede. Como neste Raising Sand, que docemente liberta a sua energia, e onde pontificam canções do legado folk/country (mas também um tema de Tom Waits, e outro composto pela dupla Plant e Page) que falam das coisas malvadas que os homens e as mulheres fazem uns aos outros. Quis a sensibilidade dos envolvidos que a surpreendente reunião viesse a tratar sobretudo o tema da despedida. E que a beleza atenuasse a tristeza. Concerteza.
8.26.2008
Arqueologia
A época mantém-se, as vontades desdobram-se. Da "vida e do tempo" de Brian Eno, de capítulos que dão contam dos trabalhos com o More Songs..., o Fear of Music, o Remain in Light, dos Talking Heads, junto com o .... Bush of Ghosts, até às áfricas, é passo mais curto do que se pode pensar. As páginas do livro caminham em paralelo com as várias audições. E há descobertas a relatar. Como a caixa de três CD's Arkology grávida das inúmeras produções de Lee Scratch Perry, na qual a única palha encontrada é aquela provavelmente fumada pelos músicos. Extraordinária música onde sobre o beat primitivo se entende veludo vocal - muito bom mesmo quando um mínimo áspero. E também Zombie, de Fela Kuti, cujo som empurra para o êxtase do corpo e o disparo da mente. A voz de Fela e o modo como a sua respiração toma corpo nos diferentes instrumentos de sopro, são prova cabal de virilidade e inconfromismo que terão marcado a vida do músico nigeriano. Mas sobre isto há leituras a fazer antes de aprofundar as ilações. Fela é continente onde se impõe que a permanência vá além do tempo de férias. Há aqui um filme a fazer, que podia bem ser Spike Lee a realizar.
E ainda: Noah Baumbach realiza com Margot at the Wedding a mais esquiva e inspirada homenagem aos clássicos da Nova Vaga (Truffaut, Pialat, Rohmer) que me foi dada a ver, em anos recentes, pelos olhos de norte-americanos; Albert Finney é actor para a eternidade ainda que a sua filmografia se restringisse aos títulos Under the Volcano e The Browning Version; o Bull and Bear do Porto pode ter as estrelas todas que lhe queiram dar, e que em parte residual merece, mas vinte vezes o arrozinho de Polvo da Trempe que foi o meu almoço; por último a confirmação de que o lapso pode esconder o aplauso: The Stage Names, pelos Okkervil River (diabos me levem se alguma vez hei-de acertar com o nome...) é disco inspirado. Fãs dos Arcade Fire, espreitem esta outra rapaziada. Se for por "search" pontual, apontem para a faixa A Girl in Port. Eu sei, eu sei, previsível eu sei.
8.18.2008
Ponto de retorno
SHAFT 2000: LAVA MAIS BRANCO!
No início da década de 70, que viu surgir o conceito «blaxploitation» aplicado ao cinema – filmes com mais sexo e mais violência dirigidos ao público afro-americano, em particular –, o livro “Shaft”, de Ernest Tidyman, foi pela primeira vez adaptado ao grande ecrã, com realização a cargo de Gordon Parks, protagonismo carismático de Richard Roundtree e música inebriante de Isaac Hayes.
Nesta actualização do universo Tidyman, resolveram, e bem, mexer na música... com pinças – David Arnold varia mas não estraga; resolveram, já considero questionável, manter Roundtree no elenco – agora na qualidade de tio semi-aposentado do novo Shaft (Samuel L. Jackson); e ainda resolveram, e mal, fermentar a narrativa com uma série de estereótipos étnicos apenas desculpáveis num universo com a estilização personalizada de um Brian De Palma – recordando esse excelente filme que é “Carlito’s Way".
John Singleton é um óbvio caso do realizador de um só filme interessante – “A Malta do Bairro” / “Boyz N the Hood”, de 1991 –, cuja fama vai sobrevivendo à custa da publicidade e dos videoclips. É por certo um indivíduo bem relacionado no meio VIP afro-americano, mas, se atentarmos apenas ao talento, e se o compararmos com o de outro cineasta negro como Spike Lee, Singleton reduzir-se-á inapelavelmente à sua insignificância. São ambos afilhados de Scorsese (Richard Price até dá uma mãozinha ao argumento de “Shaft”: pergunto eu, onde?), mas só um soube criar o seu próprio universo.
O estilo de Singleton é poucas vezes fascinante e frequentemente vazio: Quando vemos a sombra do casaco Armani, de Samuel L. Jackson (Shaft), a varrer o alcatrão nova-iorquino, a coisa impressiona, é super-cool. Digna de um fazedor de imagens com a eficácia e o imediatismo publicitários. Mas “Shaft” vai perdendo o interesse porque nunca descortinamos uma hierarquia nas diferentes histórias. A montagem torna-se aleatória e vão-se buscar personagens aos quais fomos perdendo o paradeiro: O sociopata de Christian Bale é o exemplo mais evidente desta limitação.
O “Shaft” original, que é um exemplo sóbrio do cinema «blaxploitation» – talvez por isso esteja menos datado que os seus congéneres –, perde-se nesta versão num numeroso «bodycount» e, sobretudo, num nítido branqueamento da sua componente sexista. Hoje só temos direito à nudez altamente velada do genérico – tipo 007; nunca vendo Shaft na cama com a(s) sua(s) «dama(s)». Em conversa marota o herói ainda pergunta a uma antiga amante se ela quer ser abraçada («held»), ou se quer o L. D. («dispensa tradução»). Não há direito: Queremos ver Shaft a dar prazer a uma mulher como só um «soul brother» sabe dar. Right on, Mr. Hayes!
R.G.
Este texto foi escrito no ano de 2000: fui buscá-lo precisamente ao Cinema2000, espaço à data por mim muito frequentado. Nesse tempo fingia que alguma vez sentira o que era dar prazer a uma mulher (por favor, não façam contas). Como se vê, isso em nada afecta a capacidade de se escrever sobre filmes. Hoje dificilmente conseguiria fazer melhor que isto. É como se a vida avançasse em círculos, know what I mean? Meditem vocês nisto, se quiserem, que eu voltarei dentro de dias.
8.14.2008
swim in, float in, get lost inside
Per Aspera Ad Astra
Seria o meu programa de rádio, uma vez por semana, em horário nocturno. Dedicado exclusivamente a este género de música. Tenho nome para ele. Chamar-se-ia dronelândia. Alguém interessado?
[nadar, flutuar, perder-se dentro]
Reach for the ground
© Deus abençoe Robert Wyatt
Tenho o blogue e a cabeça cheios de música. Quando ouço uma coisa, ouça várias outras que umas vezes estão lá objectivamente, ou que então são espectros que têm a ver com o modo como a nossa memória indexa aquilo que nela guardámos há muito tempo. Quando escuto um tema como See-Saw, dos Pink Floyd de A Sourceful of Secrets (isto já é mais que tactear; esgravatar com os tímpanos para ser exacto), acho que se lhe mudarmos absolutamente nada podia ser uma canção de Robert Wyatt, com esporádicas cascatas orquestrais retiradas da introdução a Plastic Palace People, de Scott Walker. O pretexto para preencher algumas linhas citando Pink Floyd, Robert Wyatt e Scott Walker. Desafio-vos a descobrirem post recente que nele concentre tamanho património criativo. Nesta casa ouvem-se muitas coisas, e coisas muito boas. Deus me abençoe, de caminho.
8.13.2008
A minha história com os Pink Floyd
Não acaba aqui. Começa em 1979, ano da edição do álbum The Wall, que animava as festas dos putos (que já davam melos), graças ao single Another Brick in the Wall. A TV a cores surgiria por esta altura também. Lembro que o filme de Alan Parker produzido dois anos mais tarde - animação distópica de que guardo memórias repelentes - eu já a veria inteiramente colorida. Nunca mais quis saber dos Floyd para coisa nenhuma. Daí que sem lhes acompanhar a discografia (quer para trás, quer para a frente), deixei cristalizar uma impressão negativa reforçada pelas imagens dos seus futuros espectáculos. Pink Floyd rimava com tecnologia, era música ou imagem para testar equipamentos de alta-fidelidade, sistemas surround, laser-discs, ao passo que eu só queria saber da música, e aprimorava a minha sensibilidade de remediado para tirar máximo partido desta independentemente das suas condições de reprodução. Em trinta e sete anos de vida, só comprara um disco dos Pink Floyd: o tal single que punha a malta a dançar mal e porcamente. A reaproximação aos Floyd que, asseguro, nunca me fizeram mal algum e que só uma terapia profunda poderia destapar qualquer trauma que não sei se existe, fez-se em período recente, rodeada de cautelas. O motor trabalha a ambientalismo, rock, e psicadelismo. Ando a escutar muita música da década em que nasci. Que só um amigo ou irmão mais velho, ou então um pai que fosse como eu me haveria de tornar, me podiam fazer experimentar à época. Já tacteei a edição de luxo do The Piper at the Gates of Dawn e o A Sourceful of Secrets, e hoje pouco mais fiz que passar, repassar, e voltar e voltar a passar o Dark Side of the Moon. Logo este para o qual eu sempre olhara de lado. A capa, não sei, a demasiada transversalidade de género e de gosto dos seus adeptos, sei lá, temos é a cabeça cheia de macaquinhos preconceituosos. Sucintamente, Dark Side of the Moon é um rematado engravidador de ouvidos. Isto é um elogio. Em 1973, a sua concepção sonora topo-de-gama foi muito naturalmente recebida com espanto. E o disco não tem apenas um grande som. É uma realização musical impressionante, que sintetiza elementos do rock, do psicadelismo, do rhythm'n'blues (nos sopros, principalmente), da soul/gospel (nos coros femininos), num todo continuo onde as palavras se fundem com a música, e o conceito do álbum vamos deixando ficar para depois. Em 42 minutos apenas. Apreendidos nuns auriculares por via do CD do computador. É obra. A minha história com os Pink Floyd só começa de facto agora.
A menina dança
Imaginemos o pior: que o espectáculo seja totalmente desinspirado, mole, auto-complacente. Fosse. Eu na mesma que não hesitaria face à oportunidade de ver a esplendorosa Juliette Binoche, e os seus esplendorosos 44 anos de idade, celebrar em palco 25 esplendorosos anos de carreira, ao lado de um coreógrafo que tanto aprecio: Akram Khan. Quem se deslocar a Londres poderá vê-los dançar, tocar, contracenar, já no próximo mês de Setembro. Eu, bastante mais modesto, aguardo pela visita a Lisboa da dupla (esplendorosa). A programação cultural do nosso país não pode dispensar, em 2009, uma proposta como In-I. Aguardam-se notícias.
Sexo e música
O livro é pesado (capa dura, quase 500 páginas), mas cá o vou passeando de um lado para o outro. Nestes dias últimos, nada mais temos a declarar. Vou a meio, metade lida nas férias e já muito assunto para sonhar acordado. Por alturas da explosão Roxy Music, Brian Eno confessava em entrevista que os seus principais interesses eram a música e o sexo. Eno era o do visual andrógino, o topo excêntrico, o mais Ziggy Stardust do grupo, as "roxettes" iam por ele. E ele não deixava nenhuma dormir sobre o platonismo do desejo delas. Brian Eno, basicamente, "papava" todas as que lhe surgiam na frente. Relativamente a esta matéria de alcova, o livro é suficientemente discreto. Prefere fixar-se no homem e na música, e se eu fosse hipócrita diria o mesmo. Ao menos esforço-me por fazê-lo. A leitura é tão interessante quanto a matéria sobre a qual se debruça. E vocês sabem o interesse que Brian Eno desperta em mim. Às vezes dou comigo a fantasiar que o entrevistava: Eno, na década de 70, mais concretamente nos anos de Roxy Music e For Your Pleasure, tinha por hábito surgir desnudado para os seus interlocutores. Era criatura lúbrica e sem freio. Que o diga Chrissie Hynde, fase pré-Pretenders,
ele prestes a gravar o seu The Great Pretender (está no álbum Taking Tiger Mountain By Strategy), que foi constantemente assediada desde o momento em que atravessou a porta. A moça escrevia sobre música, na altura. Daí, ou talvez não, que a pergunta que surge quando deliro com a possibilidade de conversar com master Eno, seja a de sempre: Why should one regret not having been sexually intimate with as many women as possible? Uma resposta de master Eno esclareceria muita coisa. Ou talvez não.
Boorman in the USA
É raro, e por isso gratificante, quando as malhas cinematográficas de amigos, mais apertadas que a nossa, permitem aceder a filmes cujo desconhecimento seria de lamentar. Vem isto a propósito de Into the Wild, que negligentemente determinei à partida ser dispensável. Mau juízo, trata-se de um belo filme. E o ano passado não teve assim tantos como isso. O que Sean Peen conseguiu fazer do livro de Jon Krakauer, e da história de Christopher McCandless, foi uma espécie de cruzamento do Deliverance (realizado pelo inglês John Boorman na década de 70) com o Novo Testamento. O percurso do jovem McCandless rumo ao Alasca, também visa, em derradeira análise, retirar os "pecados do mundo", representados pela imagem que o rapaz faz dos pais e da sociedade onde foi criado. O filme desenha assim um trajecto de ascese: de despojamento material e de intensa reflexão sobre experiências vividas no passado, ou sentidas ali no presente. Tudo isto captado por imagens da natureza poderosíssima, que no ecrã da sala de cinema maior justiça farão ao trabalho excepcional do francês Éric Gautier (colaborador de Assayas, Carax, Chéreau ou Desplechin). Até a música - do guitarrista Michael Brook - funciona, e mesmo as canções de Eddie Vedder não me pareceram deslocadas. Mas também, quando o grosso do impacto é assim tão forte, questões de pormenor apagam-se no todo da fruição. Grande filme, sim senhor.
8.12.2008
Lírios quebrados
Na derradeira página do seu diário de 1995, A Year With Swollen Apppendices, Brian Eno enuncia nas várias resoluções para o ano seguinte, o desejo de diminuir o consumo de vinho: uma das características que o define enquanto pessoa, ser um "wine-lover", a par de "mamífero", "inventor", "masturbador", "celebridade", etc etc (ver contracapa do mesmo livro). Poucas páginas à frente, no extremamente esclarecedor ensaio Ambient Music, o mesmo Eno escreve, "And immersion was really the point: we were making music to swim in, to float in, to get lost inside". Ora isto parece-me ser exactamente o estado que perseguem os grandes bebedores: nada a ver com os bêbedos, que não apreciam a alternância de sensações entre o sóbrio e o ébrio, e que sofregamente perseguem a dessensibilização última. A contradição de Brian Eno, nos termos, é esta: aquilo que o prazer do consumo demorado do vinho lhe proporcionava, e que ele pretendia diminuir, era semelhante à justificação orgânica para a experimentação com sons ambientais. A evasão para uma zona alternativa de consciência, mais segura, menos tensa, e líquida, nas cercanias do útero onde fomos gerados. E de onde uma vez saídos, passámos a estar quebrados.
Why so sad?
8.11.2008
Regressar com outro clássico (tá-se bem)
Poderá o disco ser uma espécie de "what's going on" branco? É música de qualquer modo que induz uma certa letargia, melhor acomodada se estivermos de férias. Ou como se desse modo nos sentíssemos ainda.
[É daqui que vem por ex. o nunca excessivamente citado Pacific Ocean Blue, de Dennis Wilson. Muito mais que dos Beach Boys, isto é música que reflecte uma atitude zen, um twilight espiritual que pode não passar do adormecimento do supérfluo em nós. Mas filosofo, filosofo...]
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