8.18.2010

Um quase silêncio


















As minhas férias têm sido experiências com o silêncio. Chego diariamente ao fim da tarde ao Guincho, anónimo. Barrão cinzento no caminho que faço de ouvidos fechados, chega para desencorajar os locais. Alguns estrangeiros na praia e eu sozinho no mar com os kitesurfers um pouco à frente. A água não está fria para mim, o vermelho da bandeira nada intimida. Fico nas ondas até me doerem os ouvidos. Depois deito-me por momentos com as field recordings do pretérito actualizado. Vozes longínquas, o som do vento a levantar a areia, o ruído do mar que não assusta. Anónimo permaneço até final. Não conheço ninguém, ninguém me dirige a palavra. Tenho sons na cabeça e não abro a boca. Dialogo apenas com os pensamentos. O caminho de regresso é também pausada meditação. O carro parece que desliza autónomo. São momentos de quase silêncio. São todos para mim e uma vez esgotados evaporam-se no céu dos kitesurfers meus vizinhos.

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