8.11.2010
The easy living
Estou num momento da vida em que ver um tipo incendiar uma nota de 100 dólares (ou 100 euros, whatever), como faz Randy Blythe para acender o charuto do guitarrista da sua banda, Mark Morton (exclamando, jocosamente, "easy living"), me dá vontade imediata de lhe assaltar as trombas. Em tempos participei numa longa-metragem portuguesa e tudo correu bem até ao dia suplementar de rodagem. Aí passei-me dos carretos com a imaturidade da equipa de produção, mas nunca coloquei em risco o trabalho do realizador. É preciso ter atravessado algumas situações de stress relacional para dar justo valor ao grau de exposição dos Lamb of God neste documento surpreendente. Killadelphia intercala o alinhamento de uma noite de concerto na cidade americana de Filadélfia, com diferentes momentos da mesma digressão que promovia o álbum Ashes of the Wake. E temos direito a the whole shebang. Os Lamb of God são indivíduos normais como qualquer um de nós, e persistem aqui em mostrar que o são. Dudes, como os próprios se auto-intitulam: se os corações deles amolecem ao receber na estrada a visita das esposas, com o efeito curioso de assistirmos à reprodução de um padrão de comportamento na presença das mulheres, uma vez removido o elemento feminino do cenário é ver como a tensão cresce até ao conflito físico entre os elementos da banda (mais propriamente entre o vocalista Randy Blythe e Mark Morton). Será de mais? Teria sido escusado incluir a cena de pancada no vídeo? Pensei nisto alguns minutos, acabando por chegar à conclusão de que a lógica what you see is what you get deveria prevalecer. Não que isto ajude a cimentar o mito, que os mitos hoje nascem e morrem num só dia. É de frontalidade que se trata (da criação de uma aura colectiva por via da desmistificação do conceito de rock star), e os Lamb of God assumem-na até às relativamente extremas consequências. Em última análise, eles serão sempre avaliados pela performance musical, que no exemplo em mãos é superlativa. Das bandas de metal que conheço apenas os clássicos Slayer se lhes comparam. Intensidade visceral compacta, aliada a uma maior juventude. Lamb of fucking God, indeed.
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