8.28.2010

Eu não peço desculpa


























Chego ao metal com ouvidos abertos por todas as músicas. Alguns conhecidos que me vêm servindo de orientação, torcerão o nariz com a abrangência do gosto de quem aterra de fora (os amigos, calados, pensarão tratar-se de uma má fase que vai passar). É diferente perder para muitos coisas que considerávamos tão nossas, do que entrar num domínio de fronteira que a passagem do tempo deixou de fazer suscitar qualquer discussão. Aguardo por Arise para dar corpo à ideia que sempre tive do som Sepultura antes de o seu líder, Max Cavalera, abrir brechas por onde entraram batidas tribais do Brasil e a derrapagem cortante do nu-metal. Roots parece-me ser de certa forma o primeiro disco pós-Sepultura e também o primeiro pré-Soulfly. Para quem como eu começou por escutar Soulfly com maior atenção do que Sepultura (talvez com receio de não aguentar o impacto que está por vir), a entrada em Roots dá-se de modo natural, acolhendo com igual entusiasmo a brutalidade pagã de uns temas e as texturas fusionistas de outros. Não descortinei aqui nenhuma manobra iconoclasta relativamente ao corpo histórico do metal, apenas a derivação que vai embater no preconceito dos que não apanham o essencial: som, volume e detonação eléctrica.

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