12.31.2011

Durmam bem e até para o ano



Mas antes, please indulge me, notem a joshua tree tatuada no interior do antebraço direito de Josh Homme. Motherfu****, não podem ver nada.

12.30.2011

Homens simples















Com a excepção deste que aqui escreve, não ponho as mãos no lume pela simplicidade de nenhum homem. Tanto quanto penso conhecer-me tão simples me acho. Simples, assim como o cão que é feliz por ter o que comer (e por vezes gostar de comer acompanhado), ter onde dormir (e ter companhia na cama), e ter alguém a quem se dedica (poder contribuir para o bem-estar dessa pessoa). Daí o meu voto para 2012, de que seja um ano simples para todos. Se não puderem descomplicar a vossa vida procurem facilitar a dos outros.

Alguns acontecimentos no meu Natal



















A actuação do Tigerman nas noites de 25 de Dezembro da ZDB. Foi a primeira a que assisti e não haverão mais. Muito bom, nada a lamentar.



















O papa Bento XVI aproveitou a tradicional Missa do Galo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, para criticar o consumismo. (...) "O Natal hoje se transformou em uma festa do comércio, cujas luzes brilhantes escondem o mistério da humildade de Deus". [na Veja] Habemus Papam.


















Kim Gordon e Thurston Moore (con)fundidos pela objectiva de Caroline Bittencourt. Demasiado próximo da vida e do amor.

12.23.2011

Na compra para um oferecemos o segundo




















Devia ser esta a regra. Mais ainda quando se trata de bandas vizinhas. Que visitam a mesma cidade com 72 horas a separá-las. Se o metal é música dos que procuram justiça, redenção, grandeza, ou a ligação catódica à vida (que isto não é apenas barulho para andarmos aos pontapés uns com os outros), maior relevo tem o argumentário. Continuo à espera do segundo bilhete. De punhos bem abertos.

Galeria Camelo



















No início de tudo esteve o Camelo. Seria de enorme injustiça não nomeá-lo. Esqueci-o no balanço musical que fiz mais abaixo talvez porque seja tão íntimo e se tenha tornado objecto partilhado ao contrário dos meus consumos musicais padrão. Gosto de Toque Dela embora tenha gostado mais de Sou/ Nós. E então de Los Hermanos nem se fala. Mas isto é um post que começa na biografia e de lá não pretende sair. Marcelo Camelo foi meu/ nosso padrinho. Mexi-me agarradinho a olhá-lo no palco, completando uma comunicação com o disco que não imaginava possível. Todo camelo não dever perder de vista seu oásis. Aprendi isto com Marcelo. Valeu meirmão!

Pai Natal há só um

























Foi depois de adulto que dei por mim a acreditar no neste Pai Natal.


P.S. A música mais linda de Natal continua a ser esta:

Para 2012

























A manchete era boa não fosse a minha ser muito melhor:

"Peruano há mais!"

12.22.2011

Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin
























Marcello e le donne





















Quando uma mulher hesita... é porque já deixou de hesitar.

No fundo, amar uma mulher é não entender que ela possa gostar de outrem. Não chega a ser ciúme, é o aflorar de uma outra coisa – um misto de mágoa e decepção.

Velha verdade esta: quem ama não sabe perder.
Dito de outro modo, amar é recusar a desilusão.

Relembrar uma mulher é quase sempre privilegiar uma certa imagem de nós mesmos.

Ou o meu preferido:

As mulheres receiam mais as palavras do que os actos.

Sangue do meu sangue

12.21.2011

Balanço (livros, discos, cinema e o que há nos etcéteras)
















Tudo reunido pela primeira vez porque o meu consumo cultural em 2011 reflectiu dois aspectos: por um lado menos dinheiro para gastar, por outro uma procura por objectos de outros tempos (na música isso foi quase regra sem excepção). Vamos aos filmes. Filmes estreados. Há ainda o Toupeira e o Polanski para ver, o que talvez aconteça apenas no próximo ano. Gostei fundamentalmente destes cinco: Another Year/ Um Ano Mais, do Mike Leigh, que já não me conquistava desta forma desde Naked. No centro um casal estável com a vidinha marcada por uma alegria discreta e doce. Tudo à volta deles é mais reconhecível na experiência comum dos nossos dias. A insegurança, o ridículo, o ressentimento, o caos interior. Mike Leigh filma com a distância exacta para nos iludir de que as coisas se lhe mostraram assim pela primeira vez. No limite da construção o desenho apaga-se e sobra a imitação que parece vida de verdade. Bridesmaids/ A Melhor Despedida de Solteira foi o primeiro filme visto com aquela que viria a ser minha namorada (até hoje!). Factos hiperrelevantes à parte, achei o filme divertidíssimo e ri-me como não ria há muito tempo. Qualquer homem inteligente sabe que esta é a segunda manifestação física mais importante da vida. O Carlos, de Olivier Assayas, está aqui por aquilo que vi e pelo que conto ver (a versão completa, para televisão, que saiu em DVD). É um trabalho que joga nos vários tabuleiros (acção, drama, biografia pop, política) e triunfa em todos eles. É brilhante, é credível, e os retratos são humanos e vibrantes. Também gostei muito do The Next Three Days/ 72 Horas, de Paul Haggis. Mexe com coisas ancestrais da nossa fixação pelo cinema. Conta a história de um amor disposto a tudo, sendo que o protagonista é um homem (Russell Crowe). Um herói comum, coisa que a existir na vida em muito desconhecemos, e de onde o cinema desinvestiu estupidamente. Haggis fez um filme de gajo com bom coração que vira uma fera em desespero. Recomenda-se para eles e para elas. Por último, Essential Killing/ Matar para Viver, de Jerzy Skolimowski, que vi na sala grande do S. Jorge com um sistema de ar condicionado como deve ser. Inteligente, visceral, intenso, poético, subversivo, cinema por longos momentos em estado puro. Maravilha o olhar e suspende a descrença.



















Vamos aos livros e à música e depressa. Li até ao fim três (quase quatro) títulos publicados este ano (uns cá dentro, um lá fora). Se os li por inteiro foi porque gostei. Pornopopeia, de Reinaldo Moraes, chegou-me do Brasil meses antes de sair pela Quetzal. Extasiou-me bastante e aborreceu-me um pouco. É grande livro? É sim, grande livro! Claro que um gajo depois apaixona-se e vê a sacanagem por outro prisma. Isto não é ser sonso. Eu sou é sentimental. Também li a bom ritmo, com algumas paragens impostas por prioridades diversas, Educação Siberiana, de Nicolai Lilin. Tem violência, tem códigos de honra, tem tatuagens, tem tudo aquilo que me atrai na ficção (falta romance, mas isso começava a existir do lado que mais importa), é escrito de modo escorreito, nem demasiado facilitado para o leitor calão, nem com demasiado calão para o leitor não-siberiano. Os aforismos de Nassim Nicholas Taleb e os pesadelos de James Ellroy encerram as leituras completas. Em Taleb descobri um mestre, em Ellroy um irmão. Quero continuar a aprender com o primeiro e libertar-me dos pesadelos do outro. Para nunca mais voltar.


















Música. Pouca música. Ou então pegar no que tinha já, livrar-me de muito do que tinha (vender ao desbarato), e constituir a discoteca ideal por subtração. 2011 foi ano Creedence Clearwater Revival. Comprei tudo excepto o último disco da banda, que é fraquinho. Creedence ocupa o panteão, junto dos Zeppelin e dos Sabbath. Experimentei com eles o simulacro ideal do que representa sentirmo-nos vivos (ando a repetir-me, noto isso). O sangue a correr depressa em mais sentidos. Quase o ano a chegar ao fim, comprei os primeiros discos editados em 2011. Pertencem aos Mastodon e aos Black Tusk, dentro do género comum são muito diferentes e muito bons. Acabo 2011 com o volume no máximo e um lugar privado para um disco maravilhoso do ano passado: Queen of Denmark do czar John Grant. Quando estou sozinho é quando mais o procuro. E são tantas as noites assim.

12.20.2011

Endless Summer


















Querida Lia,

Foste o que de extraordinário me aconteceu em 2011. Vens antes e acima de todos os balanços. Desde que estamos juntos (do período em que nos encontrámos) que sinto que não deixou de ser Verão. Espero poder senti-lo por muito tempo e dizê-lo sempre com a convicção que hoje uso.

Obrigado meu amor. Fazes-me sentir vivo.

Ricardo.

[fotografia de Isabel Zuzarte]

Inspira



Tomar pequeno fôlego para grandes sentimentos.

12.19.2011

Espelho quebrado

























Édgar Ramírez o actor de Carlos de Olivier Assayas

Comecei a ir muito ao cinema por causa das actrizes e passei a ver menos filmes à medida que os homens deixaram de fazer parte deles.

Viver e morrer pela imagem














Os fracassos de Drive e Melancholia talvez se possam melhor explicar pela sua relação equivocada com a música. É certo que Nicolas Winding Refn e Lar von Trier parecem misturar cinema com um alinhamento de imagens vistosas e carregadas de uma simbologia de papelão. Esteticamente muito diferentes entre si, tanto Drive como Melancholia podem ser confundidos com cinema "wallpaper", arte visual que se esgota na sua proposta gráfica. Mas então e a música? Ou reformulando, as músicas? A avaliar pelos resultados, Nicolas Winding Refn terá confundido a espessura do seu filme com a de uma canção pop (electrónica) dos anos 80. Drive é poroso e açucarado como uma embalagem de Maltesers (eu gosto de Maltesers). É justo invocar a influência de To Live and Die in L.A. de William Friedkin (ou o cinema de Friedkin em termos gerais) mais até que a dos filmes recentes de Michael Mann, só que estes dois nomes trazem ambiguidade onde Winding Refn não consegue ser outra coisa que ingénuo. O filme é tão berrantemente anacrónico que podemos pensar na ironia da proposta, só que nada ali vai além dos mínimos requisitos de densidade, dramatúrgica ou psicológica, e apesar da competência com que é filmado (as cenas com automóveis são muito boas), não se acredita em nada daquela fantasia. E Ryan Gosling, que parece a versão metrossexual da Barbie, a fazer de durão inexpressivo com ar angelical, não convencia ninguém nem mesmo na década de 80.















Melancholia tem o tipo de prólogo diegético a que von Trier nos habituou, com movimentos ao "ralenti", aos quais é sobreposta a música de Wagner que torna solene qualquer disparate. O filme de von Trier está muito distante do disparate que representou para mim o anterior Anticristo, obra de um sensacionalismo gritado e oco. Aliás Melancholia é bastante sóbrio tendo em conta a proposta do filme sobre o fim da humanidade vitimada pela colisão de outro planeta com a Terra. Encontra-se dividido em duas parte que receberam o nome das irmãs protagonistas: Justine e Claire. A primeira metade ocupa-se da personalidade deprimida e caprichosa de Justine, que se casa e descasa no decorrer de uma noite de festa marcada pelo cinismo e pelos sinais de desagregação familiar e social entre os convidados. Se o filme terminasse aqui a experiência teria sido interessante sem nada que a individualizasse, mas também não é de boa fé dizer que von Trier se limitou a copiar o filme do compatriota Thomas Vinterberg (Festen, 1998). A parte complementar, com o número de personagens reduzido às duas irmãs e ao marido e o filho de uma delas (Claire), é que afunda o projecto no aborrecimento. O planeta vem, vai e volta de novo, as manas passeiam a cavalo, os homens distraem-se em práticas de ciência, uma das irmãs padece da influência do Melancholia, a outra angustia-se com a possibilidade real do fim do mundo. E a música de Wagner regressa por várias vezes para tentar trazer o sentido trágico, operático e transcendente a tudo isto. Só que música e imagens são em Melancholia naturezas distintas que nunca se acrescentam uma à outra. Quando o mundo acaba somos invadidos por um sentimento de alívio. Aposto que não era esta a intenção de von Trier, mas também há quem leve Melancholia (um filme sério) muito a sério.

12.17.2011

Destilado dá bagaço

























Pronto a sair no dia de S. Valentim de 2012. Não era sem tempo. A ilustração pertence ao grande Arik Roper.

12.16.2011

O essencial que tem tudo





Walking Man



Something in the Way She Moves

A voz de James Taylor, para usar terminologia em voga, devia ser considerada património imaterial da América. Se calhar até é? Quem tiver este duplo-CD não precisa de mais nada. Nunca ele teve uma banda como a que toca aqui e nunca, antes ou depois, reuniu todo o essencial do seu cancioneiro tratado a um nível de excelência. Estávamos em 1993. Considerem-se apresentados.

Motivo porque não guardo discos dos Radiohead





It's the songwriting, stup.............

O hiper-realismo de Nuno Sá




















Não conhecia o autor um craque da fotografia subaquática que recebeu por esta imagem o Epson World Shootout Underwater Photo Grand Prix 2011.

Amor

Do apetite pela vida


























Conta-se entre as pequenas glórias da minha vida a ocasião em que ofereci um whisky a Christopher Hitchens, momentos prévios à conferência que proferiu na Casa Fernando Pessoa, e antes de ele dizer mais alguma coisa eu juntar tratar-se do um Black Label (Johnnie Walker). A expressão de Hitchens mostrava que tinha feito o trabalho de casa. Ainda jantámos a três nesse dia, mas aí não tive outro remédio que constatar a minha insignificância intelectual perto de um homem verdadeiramente culto e com memória prodigiosa. Requiescat in pace.

Percebam a grandeza disto



São tão raros os momentos em que o rock se transcende ao vivo. Então com uma super-banda como os R.E.M. eram na altura... Aqui tudo se conjuga como se o encenador do espectáculo tivesse o poder sobre os vários elementos. Magnífico. Magnífico. Quantas vezes quisermos magnífico.

12.15.2011

Una piccola storia


















Fotografias de Antonio Biasiucci, da série Stazioni, que mesmo se isoladas contam uma história. A que encontrei primeiro, na capa de um disco da Piccola Orchestra Avion Travel (a quarta por esta ordem, de cima para baixo), era todo um programa ficcional que vi materializado no cinema aqui. Também postei depois um pequeno vídeo.

... a pequena história dedico à querida Lia, decisiva na obtenção das imagens, com quem gostaria de viver uma história longa...

12.14.2011

O corso brinca com a corsa





















A namorada, sempre actualizadíssima com as actualidades actuais, teve o gesto querido de partilhar a reportagem do Fashion TV sobre a produção do catálogo Pirelli 2012. Coisas que retive! Quase todos os modelos empalidecem de interesse (não estou a fazer género!) quando passam do preto-e-branco da fotografia para a imagem com cor, movimento, expressão facial e discurso. Segundo Kate Moss, sua companheira em tempo já distante, Mario Sorrenti, que é um tipo com um charme másculo, sempre foi fascinado com a forma feminina. Somos milhões os reféns do sortilégio, gostava eu de perguntar a Mr. Sorrenti como se sente o rato na fábrica do queijo? Ou o pinguim a quem nasceram asas? Depois, a ilha. Os cenários são paradisíacos sem cair no bilhete postal, e aliás existe a preocupação de ligar as fotografadas a elementos materiais significativos, sejam eles obra do homem ou da natureza. Finalmente, a Jovovich. Aquele rosto felino não se alterou muito com o tempo, e o corpo de mulher fica-lhe fatal. É o melhor que o novo Pirelli tem para ver, embora não fosse a minha escolha para uma escapadela directo à Córsega. A este respeito, no que começou com ela a ela regressa. Que é bela de cor, movimento, expressão facial e discurso.

A conversation on cold


























Uma fotografia de Anna Karina e Jean-Claude Carrière. Será Veneza em fundo? De qualquer modo o que me atrai na imagem é a diferença nos semblantes dos dois. Ele mostra um ar satisfeito de quem se entrega ao prazer do momento parecendo não dar conta de que está a ser fotografado. A expressão que observamos é a de alguém que dirige o olhar para dentro de si, pois é lá que se encontra aquela mesma satisfação. Já Anna Karina força o sorriso e a pose denota o desconforto. Seria por algo que se passava entre ambos? Seria por razões exclusivamente suas? Quando se trata de mulheres os motivos são infinitos e mais um. É também esse mistério que nos atrai infinitamente. A possibilidade de resgatá-las de um abismo que é afinal inglória. É que não tem relação imediata connosco se bem que precisemos de acreditar nisso porque todo o heroismo amoroso radica numa necessidade de congratulação que vem do outro. Se não for connosco como podemos obter a recompensa? Se calhar Anna Karina queria apenas sentir o ar e o mar de Veneza sozinha, sem a companhia de Jean-Claude e livre da intromissão da máquina fotográfica? A sua expressão diz que não somos bem-vindos a tentar perscrutar-lhe os pensamentos. Os homens são como máquinas indiscretas quando não se atinam.

Trazer o Como a toda a parte


















At Lake Como, you live your life the way you're supposed to live your life if you're lucky. The two-hour lunch. The glass of wine. Everybody sitting around and talking. Dinner starts at 9 and it ends at midnight or 1. There are conversations that go on for long periods of time with really interesting people, always.

Imaginem o discurso de George Clooney tipo receita e apliquem-na às vossas vidas quando possível. Chama-se a isso saber viver. E tem menos a ver com onde se vive do que como se vive.

O sentido da vida (ou a falta dele)


















The Uncertainty Principle. It proves we can't ever really know... what's going on. So it shouldn't bother you. Not being able to figure anything out. Although you will be responsible for this on the mid-term. (Larry Gopnik)

Todos ou quase todos os filmes dos Coen lidam com indivíduos comuns agarrados à pacatez das suas vidas que se vêem envolvidos em situações extraordinárias que jogam com o destino de forma arbitrária. Neste sentido o cinema da dupla trata da aventura humana observada pelo prisma da estranheza. Não é pois de estranhar que a sua primeira obra tenha sido um neo-noir, Blood Simple (1984), pois se há género que assenta na manipulação do protagonista por forças obscuras (que tantas vezes assumem as formas de uma bela mulher) é este. A perplexidade das personagens garante o sorriso mais ou menos desconfortável do espectador e a filosofia assegura o impacto diferente das suas obras.
Relativamente à filmografia de Joel e Ethan Coen não existem títulos que morem tanto na filosofia como The Big Lebowski (1998) e A Serious Man (2009). Jeff Lebowski é alguém que se está a marimbar para um sentido para a vida que esteja além da contemplação da carpete que ocupa o centro da sala, da qualidade dos White Russians que ingere (independentemente de quem os prepara), ou da companhia necessária a uma partidinha de bowling. Lebowski não se inscreve na categoria de "homem sério" que não impedirá que Lawrence Gopnik, no filme com o mesmo título, seja uma vítima dos caprichos do destino como ele. A Serious Man faz parte da categoria de filmes dos Coen onde as dimensões de realidade e fantasia nos surgem bem separadas. Isso é fundamental para que o espectador mantenha uma atitude de humildade determinante para perceber também onde passa a linha que demarca o drama do riso. Gopnik é alguém que sempre levou uma vida de acordo com o que lhe ensinaram ser o correcto, e de um dia para o outro assiste ao desabar de tudo aquilo em que acreditava.
O que fazer? (pergunta ainda a canção dos Jefferson Airplane que se escuta durante o filme: «When the truth is found to be lies/ and all the joy within you dies»). Gopnik é ultrapassado pela sequência de eventos que constituem "o mistério da vida" que deverá aceitar até ao fim. O princípio da incerteza de Heisenberg que ele sabe explicar nas aulas de Física torna-se filosofia prática. Porque as coisas são como são e porque a vida é como é; e a matemática só em medida relativa explica o incompreensível. Aceitar isto exige que sejamos humildes, já o disse atrás, e a recompensa limita-se a 100 minutos de prazer intelectual. Para quem veja nisto o suficiente.

12.13.2011

Deixaram-se disto


























Os Grinderman chegaram ao fim. Deixaram-se disto mas não se deixaram disso. Aguardemos pelas edições futuras.

Raw power




















Os Black Tusk foram buscar o cota de Seattle Jack Endino (ao centro da imagem sem barba) para produzir Set the Dial. Sinceramente não encontro diferenças significativas entre este e o anterior Taste the Sin. Os músicos apelidam o seu som de swamp metal, algo que vai recolher a energia do punk, segue pela via do rock abrasivo dos Stooges, e por questão de proximidade geográfica acaba por ser mais influenciado pelo sludge: um pântano de electricidade à solta. Endino traz a bagagem histórica do rock/grunge (Nirvana, Soundgarden) e é um tipo que gosta de trabalhar depressa e sem adornos. Set the Dial é um disco deixado no estado bruto. Uma vez escutado a opinião instala-se e não muda mais.

Respect


























© Dirk Wüstenhagen

12.12.2011

Savannah rules!


























Enquanto não há notícias do terceiro álbum dos Baroness, um dos elementos da banda, John Dyer Baizley, presenteia-nos com esta variação do seu universo conceptual gráfico. Uma capa de estalo para um disco que o não deve ser menos.

Shave


























Michael Fassbender por Jean-Baptiste Mondino.

12.11.2011

Somos produto da educação que tivemos


























A presença do homem não se deve fazer impôr. Isso gera medo e o medo é o contrário do respeito. O respeito ganha-se pelo exemplo. Talvez não seja da escola da vida mas a minha escola foi outra (e tem grisalhos).

12.09.2011

Só para dar ideia...



Os rapazes bem que podiam ter feito um videoclip clássico, daqueles com a banda a tocar e pronto. Paciência. Nenhuma faixa é representativa de The Hunter já que o álbum é bastante aberto e heterogéneo. Escolhi então Spectrelight porque me parece uma homenagem aos High on Fire de Matt Pike. De todo o disco talvez o momento que mais condiga com homens de barba rija. Junto com o resto, muito boas primeiras impressões.

Um dia é da caça...


























O novo Mastodon que me ocupará parte da tarde em audições sucessivas.
Só assim é possível trabalhar e ouvir música ao mesmo tempo.

When I grow old





















O leão de Nick Brandt encontrado aqui.

Samba e amor



Afortunados são bons em um ou em outro. Abençoados espreguiçam-se pelos dois: como há altura Caetano.
Eu contento-me e muito com aquilo que hoje tenho.

Aparências (louvor de Mr. Apatow)


















Knocked Up (2007) é sobre um tipo pachorrento que não se tem em grande conta, que engravida uma rapariga muuuuito mais gira que ele na primeira noite (seria a única...) que têm sexo. Ela fica grávida e o filme grávido da personagem masculina. A criança nasce no fim do período habitual, que no filme de Judd Apatow corresponde ao arco de transformação do protagonista, Ben Stone (Seth Rogen), num rapaz tão boa onda como no início mas um pouco mais responsável e confiante em si mesmo. Dois nascimentos (ou um renascimento, se quiserem), no que o primeiro serve de pretexto ao outro mais significativo. Knocked Up é também sobre aparências (se nos ficássemos por elas muitas situações do filme seriam implausíveis), e o que Apatow acrescenta ao cinema é a capacidade de dramatizar situações estereotipadas indo além das aparências. É isso que torna as suas comédias dramáticas superiores à generalidade dos contemporâneos. Ele particulariza o que é genérico começando pela escrita, continuando no trabalho que desenvolve com actores que conhece bem, filmando por fim de modo a servir o trabalho anterior sem pretensões formais estéreis, apenas sublinhando pormenores visuais que resultariam grotescos caso as personagens não tivessem sido humanizadas. Alguém que vomita ou um parto filmado de frente para a zona genital feminina são factos orgânicos indissociáveis da natureza das personagens. Fazem parte da vida e são mostrados com frontalidade. Tudo isto permite ir além das aparências, no que é uma preocupação de Apatow até com a mais secundária das figuras. Há sempre qualquer coisa de particular em cada cena, nos diálogos, no desenrolar das situações dramáticas, que faz variar aquilo que seriam as nossas expectativas. Eu não sei se Judd Apatow parte para a escrita do argumento sem uma ideia muito precisa do que individualiza as suas personagens, embora os resultados apontem para essa impossibilidade. Também os filmes, como Knocked Up, existem por aquilo que aparentam, mas resistem se forem além das aparências. É o caso deste.

P.S. Aqui funciona assim. Prefiro falar pela terceira vez de um filme que vi pela terceira vez e que me entusiasma a cada vez de formas diferentes, do que abrir espaço a coisas que me deixam indiferente ou mesmo desapontado. Este espaço é meu e tem o valor que eu lhe quiser dar.

12.07.2011

Memória (metálica) futura


















Soube esta tarde da vinda dos norte-americanos Kylesa a Portugal, na segunda data uma estreia em salas de Lisboa. A 19 de Janeiro de 2012 volta a celebrar-se feliz e furioso ano novo. O disco na bagagem é ainda o superlativo Spiral Shadow; vai ser grande a euforia de assistir à dupla de bateristas junto com as guitarras de Laura Pleasants e Phillip Cope. No mesmo espaço onde vi Fu Manchu, o Santiago Alquimista, e onde vou abanar a marmita como se não houvesse dia seguinte.

Guapa e mais guapa


























Foto: William Claxton (1971)

A guapa chama-se Ali MacGraw, namorada.



















Foto: (???????????)

Mas esta guapa é que eu gostaria de conhecer... Tem ar de quem sabe dançar!

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