11.27.2009

Johnson & Johnson






















Não me espantaria se viesse a encontrar numa entrevista de Damon Riddick (o homem artisticamente conhecido por Dâm-Funk) a explicação para a existência de dois discos de temperatura emocional um pouco diferente – além do facto de um deles ser todo instrumental – na edição CD de Toeachizown (to-each-his-own), justificada na distinção entre música sobre a "noite anterior" e música para a "manhã seguinte". A melhor música não fala de outra coisa. Estamos perante a evidência dos sons que em nós deslizam como mãos impregnadas de óleo pelas costas dessa outra pessoa; como o carro nos sonhos que avança de Verão por uma avenida vazia e iluminada; ou como as melhores produções da dupla Quincy Jones/Michael Jackson que põem os mais aptos a mexer-se pelas pistas de dança como se estas tivessem acabado de ser enceradas (I Can't Help It, sempre). Jackson serve o pretexto de chamar a atenção sobre uma ideia de génio – tão óbvia e simples – que foi colocar o realizador Pedro Costa a falar de música. A reportagem é de João Bonifácio, pode ler-se hoje no Ípsilon, e rápida vista de olhos deu para perceber que há ali material suculento. Pelo que venho ouvindo Dâm-Funk é homem para Costa. Do pouco que li Pedro Costa é bem capaz de ser homem para Dâm-Funk. Amigos-amigos, óleos à parte.

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