11.10.2009

Esta dupla é dose














Vou tentar explicar por que acho que a duração longa não é amiga dos Dapunksportif. Os argumentos são os de alguém que regressa ao rock há pouco mais de dois anos e reconhece na dupla de Peniche (João Guincho e Paulo Franco são os elementos fixos do grupo) superior competência na matéria. Mesmo assim, alguém que gosta de dar opinião sobre os seus entusiasmos até quando lhe falta o domínio desejado sobre eles.
Os Dapunksportif surgem em 2004. Descobri-os com uma décalage de 5 anos. As primeiras audições revelaram fortes parecenças com o som Queens of the Stone Age. Foi com o Ep Ready!Set!Go! (2006) que me apercebi de que os Dapunksportif tinham de algum modo sintetizado a adrenalina dos primeiros discos da banda de Josh Homme e Nick Oliveri, no que me pareceu uma versão suficientemente competente para lamentar a cópia. E havia ali a espreitar um pouco da intensidade dos Placebo do período Black Market Music, com as suas inflexões prego a fundo e riffs igualmente vibrantes. Seguiu-se na discografia dos Dapunksportif o álbum Electro Tube Riot (2008), que assinala a expectável evolução na continuidade no som do projecto, embora situando-se ali num ponto equidistante entre a anterior marca Queens of… e o som dos ZZ Top circa Eliminator e Afterburner. Tal como os ZZ Top desse tempo (os anos 80), os Dapunksportif mostram-se uma máquina de criar singles: Electro Tube Riot é a uma jukebox programada sob o critério da electricidade elevada e constante. Por onde quer que se entre no disco, é garantido que no curto espaço de segundos estamos de novo lá em cima com as guitarras sôfregas de João Guincho e Paulo Franco. Era assim nos 20 minutos de Ready!Set!Go!, e o efeito repete-se ao longo de mais do dobro dessa duração em Electro Tube Riot. A música dos Dapunksportif é tão eficaz na excitação que provoca, que a dado momento podemos reclamar por uma gravidade que faça com que a sintamos de outra forma. Já os profissionais dos downloads não podiam desejar colheita mais revigorante. Tenho a certeza de que o disco, uma vez desmembrado, bate sempre com a intensidade original. Numa outra lógica, bem vistas as coisas, os Dapunksportif são bem capazes de nunca terem deixado de estar com a razão. E caso fossem californianos e gravassem para uma Major, estou certo de que o impacto da sua música seria global.

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