11.06.2009

A festa da música por Muhly & amigos


















© Vera Marmelo (mais fotos aqui)

Houve música para muitas sensibilidades. Estava previsto serem 4 os elementos sobre o palco – Muhly, Amidon, Frost e Sigurðsson –, e apareceram oito (com o trombonista, a violetista, uma violinista e o rapaz do contrabaixo). Parecia que a Bedroom Community estava toda ali, ou no mínimo sobejamente representada pelos artistas da casa. Se as composições cantadas por Sam Amidon podem facilmente designar-se de folk electro-acústico, o resto do programa foi quase uma locomotiva de géneros dirigida a um destino comum. Música de câmara, instrumental, executada em instrumentos acústicos e através de sons arquivados nos computadores, que iam das cornucópias produzidas por metais, até às crepitações digitais da electrónica que faz lembrar madeira estalando em brasa. Os sons repetiam-se, outros surgiam como que por ilusionismo, as peças desenrolando-se com a complexidade que remete para a música clássica contemporânea, ali insuflada de espírito lúdico e de fortes dinâmicas que logo associamos ao pop/rock. Houve também uma dimensão performativa, mais nas composições de Nico Muhly (que conduziu todo o espectáculo), uma ginástica sonora que flexibilizava os timbres e os próprios executantes, colocando o público face a uma apresentação onde se viram malabarismos a solo e em grupo: sobretudo velocidade de execução e sincronismo. O paradoxo evidente de uma música culta que não se leva a sério. A Whale Watching Tour resultou na celebração da alma das baleias (que posso jurar se escutavam por vezes em fundo, com os seus glissandos que vão directo ao coração humano), tocada com a destreza de golfinhos. As palmas fora dos aplausos faziam parte da festa.

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