10.16.2006

Fora de horas

Ontem tentaram assaltar-me. Os factos. Era quase meia-noite. Regressava a casa e senti que alguém apressava o passo nas minhas costas. Descia já pela minha rua quando me voltei de repente. Um indivíduo negro avançou na minha direcção com ar de nenhuns amigos. Falava inglês: "Give me the money, give me all your money..." e talvez outras coisas que não lembro mais, enquanto me apontava uma pequena pistola. Tinha olhos claros como os zombies do Tourneur. Eu só dizia: "I have no money, I have no money..." olhando-o de alto a baixo e de todos os lados. Fui imprudente e num impulso atirei-me a ele para tentar roubar a arma. O tipo recuou e pôs-se em fuga gritanto: "It's a joke..." Simulei uma postura de karaté mas não avancei um passo. (Eu estava ali, só que aquilo parecia estar a acontecer com outra pessoa) Ele, já a uns bons vinte/trinta metros à frente, imitou-me com um ar gozão. Dirigi-me para a porta do prédio. Olhei uma vez mais para a rua e tinha desaparecido. Entrei em casa mais excitado do que propriamente nervoso. Ainda pensei em sair de novo, procurar por ele, partir-lhe a fuça. Mas aí pensei também na arma: ("It's a joke...") E se fosse verdadeira? E se estivesse carregada? Pouco provável. Mesmo assim acho que arrisquei um bocadinho. Só um bocadinho... motherfucker. Liguei para o Tempo Extra onde Rui Santos elogiava a gestão que Paulo Bento vem fazendo do plantel do Sporting. Fiquei mais calmo. A realidade, de novo. Abençoada realidade.

Isto não é ficção. Aconteceu comigo. Uma pessoa já é assaltada em Lisboa (na rua onde mora), em inglês, como nos movies.

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