10.26.2010
Frankenslayer
Quis a ordem natural e inversa das coisas que os Slayer viessem a receber influências do nu metal, género que na segunda metade da década de 90 do século XX se havia inspirado no som da banda de Araya, King, Hanneman e Lombardo. Ladrão que amputa Frankenstein não tem contas a prestar. A edição de luxo do álbum dos Slayer de 2009, World Painted Blood, traz um segundo disco onde encontramos a curta-metragem de animação Playing With Dools (título de uma das músicas), realizada por Mark Brooks, que conta a história de um assassino em série que constrói um corpo de mulher com os pedaços das suas vítimas (mais ou menos o que se passava no matricial O Silêncio dos Inocentes). A curta usa a cada quadro excertos de todas as músicas de World Painted Blood, que coincidem com manifestações de violência extrema, mas não é particularmente memorável. Mais importante que o objecto é o (seu) conceito de apropriação e reconfiguração que liga com o episódio de influências de duplo sentido entre os soberanos Slayer e as bandas norte-americanas de metal que pilharam várias correntes para se agradarem a elas próprias e aos seus seguidores. A identidade musical dos Slayer é forte o suficiente para imperar sobre os remendos modernos que experimenta no lombo, e World Painted Blood é mesmo considerado dos discos mais vitais do grupo nos últimos anos. Um quase puro-sangue.
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