10.13.2010
Dr. Mikael and Mr. Akerfeldt
A principal originalidade dos Opeth reside na dupla personalidade vocal do seu líder Mikael Akerfeldt (também guitarrista e dos que levam as unhas às cordas como manda a escola clássica). Akerfeldt tem cara de anjo, daí que seja maior a surpresa quando o ouvimos terraplanar as suas próprias composições com o canto gutural poderosíssimo. Os Opeth arriscaram levar este paradoxo ao limite quando entraram em estúdio para gravar dois álbuns de seguida: um mais pesado, Deliverance, apesar de incorporar os habituais apontamentos folk, jazz e prog rock; outro mais pausado, Damnation, que raras vezes intensifica a carga dos seus decibéis. A experiência torna-se verdadeiramente desconcertante quando assistimos a um concerto da banda sueca, por exemplo aquele que consta do DVD Lamentations onde os Opeth decidiram manter clara a separação da sua dupla natureza, tocando uma primeira hora a médias-luzes e regressando depois para mandar a casa abaixo. Quando Mikael Akerfeldt passa com naturalidade de um registo vocal melodioso (e se tem bonita voz, um pouco à semelhança de Roland Orzabal dos Tears for Fears) para o extremo oposto (o da besta sem nome), podemos descrer do segundo, negar o "encosto", não mais querer vê-los ao vivo e ficar apenas com aquilo que os discos sugerem. O anjo Mikael, assombrado, é por vezes um demónio demasiado real. E nos discos a presença do demónio é indispensável.
Arquivo do blogue
-
▼
2010
(499)
-
▼
outubro
(27)
- A voz da dona
- Irreversível
- Era uma vez...
- Bang
- Frankenslayer
- Longe
- Dançar a javanaise ao longo das tuas costas
- ...
- Sans regrets
- Algumas músicas não têm idade, mas nós temos.
- Antes do até sempre (a liberdade)
- Ben Affleck não é Michael Mann
- We create hell... You unleash it.
- Dr. Mikael and Mr. Akerfeldt
- Say what
- Infidelidades ao terceiro disco
- Um Téchiné
- Menina sabão
- Most welcome
- Doomed always
- Aplauso
- Dos bons selvagens
- Sérgio
- Próxima paragem
- Pontes e discos
- A mesma coisa
- Sintra Misty
-
▼
outubro
(27)