10.15.2010

Antes do até sempre (a liberdade)
















Há um amigo que se prepara para cruzar de novo o Atlântico de quem me quero despedir aqui no blogue também para o caso de não nos vermos esta noite como combinado. Esse amigo gosta muito dos filmes de Shohei Imamura (1926-2006), de quem vi esta semana o rebelde e vivificante Dr. Fígado (1998). O que há de maravilhoso no penúltimo filme de Imamura, à semelhança aliás de outras obras de grandes cineastas em idade avançada gozando de toda a liberdade de não se sentirem na obrigação de provar nada a ninguém, é a capacidade de se fixar naquilo de verdadeiramente importante que a vida proporciona e que levamos connosco quando lhe dizemos adeus. Falo do vício, ou de todos os vícios. Passar pela vida sem cultivar algumas obsessões é perda de tempo. Por muito que nos digam que é na abstinência que o homem se descobre verdadeiramente livre, eu acho cada vez mais que é pela via dos prazeres que a nossa individualidade melhor se expressa: e exprimimo-nos significa (até melhor definição) sermos livres. Bebida, comida, mulher(es), morfina (Nicotin, valium, vicodim, marijuana, ecstasy and alcohol... C-c-c-c-c-cocaine!), ciência, futebol, artes, o que quisermos, importa é querermos muito, e com a paixão dos fortes. Que a paixão de Imamura esteja sempre contigo, caro amigo. E até Williamsburg.

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