3.09.2010

Mujer mujer te quiero























Já tenho o novo CD de Joan Manuel Serrat, o que equivale a dizer que a sua discografia volta a estar preenchida. É por certo coincidência, mas os espanhóis que têm permitido esta performance de completude nunca estão em sintonia com o meu entusiasmo. Primeiro foi um amigo que ao dirigir-se a uma livraria de Barcelona em busca do livro editado o ano passado, que traçava a cronologia serratiana com letras e apontamentos biográficos, recebeu da parte do livreiro a resposta "Mas falávamos de literatura, não?", como que desconsiderando a lírica do cantautor catalão. E agora o tradutor que simpaticamente se prestou a trazer-me Hijo de la Luz y de la Sombra, inexpressivo quando lhe confessei a alegria de ter de novo todos os discos de Serrat. Haverá outras pessoas que me conhecem que terão dificuldade em encaixar este prazer no resto da música que ouço, mesmo levando em conta a extrema amplitude dos interesses. E ao escutar o novo CD uma razão acorre de imediato (como se fosse preciso...). É preciso sim escutar o modo como Serrat pronuncia a palavra "mulher", e isso quase bastava. Ele teve tantas, sem que tal facto diminua a intensidade ao nomeá-las por todas: como se cada uma que tenha perdido ou a que não chegue mais pudesse valer pelas outras. Serrat canta com a voz que não tenho e devo mostrar-me agradecido por saber ouvi-lo.

[para a Sandra L., uma querida.]

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