3.20.2010

Dia do Pai
























Como muitos saberão, ontem foi Dia do Pai. Por acaso almocei na mesa colada aos lugares onde estavam o senhor J. "Black Label" e o filho. Trato o senhor J. por senhor J. "Black Label" apenas com terceiros comuns e porque ele avia um balão com gelo até acima, mais o precioso néctar, todos os dias após o repasto. O senhor J. é um homem generoso que diariamente paga as refeições do filho (cabidelas e afins) e cujo maior interesse, descobri em conversa, é a geopolítica. O filho do senhor J., também ele J., embora o nome próprio seja outro, estuda Cinema na Escola António Arroio e assemelha-se a um desses jovens de calças a destapar o rego que só têm olhos para o ecrã do telemóvel de última geração: geração monossilábica de cabelo espetado. Entre pai e filho a comunicação é zero vírgula um. E é aí que entro eu. Eu que gostei do senhor J. à primeira vista. Que tenho estima pelos seus olhos etilizados. Que fiquei a saber dos baldes que mandou abaixo na companhia de Torcato Sepúlveda. Que ouvi histórias da boca dele de porradas protagonizadas pelo Cardoso Pires. Da marialvice que o escritou verteu para um livro esgotado que gostava de ler. Quando o senhor J. deixar este mundo; quando eu deixar de o encontrar no nosso restaurante quotidiano, este sítio ficará mais desinteressante. Há filhos que não merecem os pais que têm, e há alguns pais desperdiçados com os filhos que lhes couberam em sorte. É aqui que eu sempre entro.

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