3.11.2010

Kick Ass American Recordings


























Parece-me de total justiça dizer-se que o trabalho de produção de Jack White para Van Lear Rose, de Loretta Lynn, é tão significativo quanto os resultados alcançados pela colaboração prolongada entre Rick Rubin e Johnny Cash. O facto de termos num dos lados apenas um registo e do outro toda uma ilustre discografia repartida por seis álbuns e uma caixa não deve desviar-nos do essencial: sem que se perca a individualidade do som do produtor chega-se à essência da alma de um artista. Van Lear Rose arrasta o country tradicional de Lynn pelo alcatrão do garage rock e a ganga coçada assenta-lhe na perfeição. Até porque as letras de Loretta Lynn contam histórias muito pessoais, em cenário "white trash", que ela revive com as entranhas. Entre a visceralidade da voz da grande senhora (contava 69 anos à data da edição do CD, em Abril de 2004) e aquele estupendo som de guitarra de Jack White "Stripes", o comum mortal não tem escolha. Fica com ambos e assiste ao material a incendiar-se ali perante os seus ouvidos. Van Lear Rose tem faixas que rivalizam com a turbulência catártica de uns Tindersticks e noutras ocasiões atira-se ao espírito blues rock como se não houvesse dia seguinte. Que disco filha da p***! Procurem-no no topo das classificações de sempre do Metacritic que foi onde eu o achei.

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