8.28.2009

Kill Hitler


















Ele chega sempre lá, mas é no trajecto até lá chegar que Tarantino já foi mais brilhante, mais excitante, mais surpreendente. Mesmo olhando a eventuais condicionantes auto-impostas pelos códigos de (sub)género – filme de guerra modelo "doze indomáveis patifes" de Robert Aldrich, cruzado com a dilatação subjectiva do tempo praticada por Sergio Leone nos western spaghettis –, que Quentin Tarantino ora respeita, homenageia ou detona, os filmes dele que motivam o meu maior apreço são os que fazem acompanhar o pathos extravagante, da gravidade narrativa ou psicológica que se abate sobre as personagens. Exemplos como Cães Danados, Jackie Brown e Kill Bill -Parte II, que são igualmente ilustrativos e virtuosos, dando a fruir o cinema como um prazer físico, sugerindo o efeito de descargas esporádicas de adrenalina. Ainda assim gostei de Sacanas Sem Lei – reconhecendo o peso da máquina cinematográfica que Tarantino põe em movimento, peso esse que não encontra correspondência na gravidade da dramaturgia (o filme faz-se de blocos "autónomos" que acrescentando-se aos outros não produzem o impacto acumulado de, para dar outro exemplo, Pulp Fiction) –, que tem no início e no final das melhores sequências que Tarantino jamais coreografou: com palavras, com acções. Como comecei por dizer, o sentimento que se sobrepõe acaba sendo o de missão cumprida.

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