
Ontem vi metade do episódio que corresponde ao quinto ano de produção de
Prime Suspect, uma série inglesa excelente que teve cronologia invulgar. Estreou no início dos anos 90 e terminou em 2006, com episódios mais longos que muitos filmes (200 minutos), e com intervalos médios (2 anos) e longos (7 anos) entre eles.
Prime Suspect é uma série onde se bebe bastante: cerveja e whisky. É frequente os detectives combinarem tomar um copo ao final do dia, ou antes de iniciarem outra noitada de investigação. Nos gabinetes dos superiores também se encontra a vulgar garrafinha, e ninguém moraliza o que os outros bebem. Faz parte da concepção existencialista de se ser polícia. Estamos portanto num contexto civilizado.
Prime Suspect é protagonizado por Helen Mirren, que nesta altura tem a categoria de superintendente. A sua personagem, Jane Tennison, é vista muitas vezes a beber. Num episódio chegam a mostrá-la no supermercado, a fazer meia-dúzia de compras, refeições frugais de levar ao micro-ondas e duas garrafas de Famous Grouse. A novidade da sessão de ontem era que eu bebia um melhor whisky que a superintendente Tennison. Não um daqueles whiskies novos que também bebo, ligeiros e doces, que escorrem sem se fazerem prolongar, mas um Old Parr. Há medida que bebemos melhores whiskies, sentimo-nos como que sendo educados por eles. Um whisky velho, ou um Single Malt, impõem um consumo demorado, e moderado: aquilo não se degusta sem que nos sintamos impregnados de uma certa espiritualidade. Ontem aprendi umas coisas com o velho Old Parr, enquando dava início a outra noitada de investigação.