11.14.2007

O pior texto do mundo


















«Mesmo na discografia enodoada de Metheny, Secret Story faz triste figura. A colisão entre ambições megalómanas e ideias indigentes produziu uma "coisa" lamentável, que junta o pior de vários mundos: o jazz de elevador bonacheirão e contentinho consigo mesmo, a world music de alguém que contempla o mundo do alto das suites de luxo da cadeia Hilton, os arranjos orquestrais e corais grandiloquentes, balofos e simplórios. O mais desconcertante é que mesmo em 1991-1992, quando foi gravado, já Secret Story tinha uma estética datada. Hoje, então, é uma massa de rugas que nem Botox nem remasterização poderão salvar.»


Reproduzo o parágrafo de um texto da autoria de José Carlos Fernandes que surge na edição de hoje da Time Out Lisboa. Sinceramente que no meio da tanta edição de jazz com interesse (lembro o magnífico piano solo de Paul Bley que acaba de sair pela Dargil), não encontro explicação para que se gastem 2 mil caracteres a desancar nestes termos no disco de um músico sério que julgo merecer o respeito de todos: a menos que se trate de uma pessoal e pouco verosímil vendetta. Não escondo que fui no passado o mais incondicional dos fãs de Pat Metheny: a solo, no "Group", nas bandas-sonoras, nos discos de outra gente (inclusive de Bruce Hornsby; alguém se recorda deste nome?); e que hoje reconheço que a sua vasta discografia - nunca indigente - não é isenta de alguns desequilibrios. Teria de voltar a escutar Secret Story para sobre ele dar uma opinião minimamente abalizada. Há no entanto exemplos de como se pode escrever sobre este título de forma igualmente sucinta sem cair na chacota argumentativa (o espaço que a imprensa destina ao jazz já é tão curto que o melhor é usá-lo com discos que nos entusiasmam). Leiam aqui.

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