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«'What do you say to a man who's killed a lion with his bare hands and his sleeping with your wife?' - Derek Mason, when asked about his wife's affair with a Massai warrior.»
A citação consta do sempre surpreendente diário de Brian Eno a que já antes fiz referência. Usei duas imagens para o post: uma de Hércules lutando de mãos nuas contra um leão (pormenor do vaso que consta do acervo do British Museum); outra o retrato de um caçador Massai. Também eu sou adepto da valentia dos homens desta tribo, cujo ritual de passagem à idade adulta implica que partam para o mato sozinhos e só regressem após terem matado um leão com as próprias mãos. Os Massai até não são particularmente corpulentos: são altos, esguios e imagino que muito ágeis. Mas isto são derivações da questão central: qualquer homem que venha a dormir com a nossa mulher atinge-nos tão fundo como ao leão que pode não ter chegado a matar. O animal no caso é o nosso orgulho másculo e a ingenuidade de termos dado a ligação (a posse) por garantida. Quando outro homem se deita com a mulher que foi "nossa" todos morremos um pouco. Abatidos pela lança que usa a forma do corpo que um dia desejámos. Que um dia deixou de nos desejar. Mas talvez a morte seja sempre algo que a vítima peça mesmo sem se dar conta disso? É uma coisa que por vezes sinto. Quando reconstituo na medida do possível a história daqueles que morreram ou que correm riscos de fazê-lo.