11.28.2007

Luto

Quando fazemos parte da vida de alguém (essa pessoa fazendo parte da nossa vida), mesmo que as circunstâncias se alterem e o afastamento aconteça, a memória não se perde na medida em que sabemos a pessoa viva e essa certeza mantém a unidade possível das coisas. Só a morte traz a dor que antecipa o esquecimento, como se o ruído indiferente da terra deitada, camada após camada, levasse o que guardávamos - algures, não importa "onde", pois sabíamos existir "lá" - e que pela primeira vez damos por irrecuperável. Onde antes havia a impressão de vida, existe agora a certeza da morte. São instantes que fazem abater sobre nós uma tristeza profunda. Morremos um pouco nesses momentos. Nós com todos aqueles que habitavam essas memórias. Não sei porque luto para não esquecer.

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