3.05.2012

Memórias de um chapéu

























O que em Miami dá nas vistas (se é que alguma coisa salta à vista em Miami), no estado do Kentucky passa despercebido. É de onde a série parte e para onde rapidamente se dirige. Claro que um produto como Justified se destina ao público que se porá a mesma questão que eu: mas é o chapéu que faz o homem ou o homem a fazer o chapéu? Os inimigos de Raylan Givens podem nem prestar atenção ao adereço. Há até uma cena em que um diz para o outro "... estás a ver ali o tipo de chapéu?", ao que o outro responde "... qual tipo, o mais alto?", e o primeiro acrescenta "... o do chapéu!". Acontece que aquele chapéu, onde não são vistos outros, individualiza a personagem do U.S. Marshal Givens, trazendo a figura do caubói para os tempos actuais, não desvirtuando a aura de um passado longínquo onde cada um aplicava os seus parâmetros de justiça, e uns eram mais justos que outros. Entre a personagem que Timothy Olyphant interpretava em Deadwood e esta de Justified, as semelhanças são superiores às diferenças. Chama-se a isto capitalizar o património em várias direcções e diferentes sentidos. Algo que depende de muito mais que o uso de chapéu.

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