3.07.2012

God bless that hat















Para onde quer que olhemos não se vê mais esta grandeza de sentimentos no cinema (mudou-se). Que saudades. No começo do episódio 9, Raylan Givens encontra-se temporariamente suspenso e aguarda a chegada da ex-mulher, Winona, num bar. Uns tipos sentados mais ao fundo no balcão falam em tom grosseiro da mulher de um deles. Raylan pede-lhes que baixem o tom de voz e a coisa acaba ao murro. Dois bêbados contra um, Raylan seriamente esmurrado, prostrado no chão a sangrar.
O actual marido de Winona está em apuros. Envolveu-se com gente pouco recomendável num negócio imobiliário que ficou estagnado. Ou lhes devolve a massa ou paga com a vida. A saúde da ex-mulher de Raylan corre igual perigo. Winona pede que Raylan os ajude e é aqui que se atinge o sublime: um sublime à Minnelli, diria eu. O momento em que Raylan não apenas procura convencer o marido de Winona em desespero a não pôr termo à vida, como se prontifica a ajudá-lo a sair daquela enrascada. Faz tudo isto de cabeça ao ar, uma vez que o seu tão estimado chapéu ficou na posse de um dos indivíduos que lhe deram o enxugo de pancada. Escusado seria de dizer que Raylan vai recuperar o chapeú no final do episódio. Como se perante a dignidade do que acabara de fazer não fosse possível negar-lhe o direito.
Justified é uma série tremenda porque se mantém do lado dos grandes gestos. E como diz um grande amigo, a arte serve para nos completar enquanto humanos. Creio que Raylan não estará completo enquanto não recuperar o amor de Winona, e a partir de agora aquele chapéu simboliza essa falta. Até mais ver.

Arquivo do blogue