3.31.2011

O mundo está sempre a acabar
















A Cinemateca mostrou ontem na sala pequena Radio On (1979) de Chris Petit. Mitologia pop rock e existencialismo punk convergem neste filme de estrada entre Londres e Bristol, que reproduz alguns traços da obra do aqui produtor Wim Wenders, a atravessar por esta altura o seu melhor período: entre 1974 (Alice nas Cidades) e 1984 (Paris, Texas). À superfície o filme de Petit pode parecer datado, as imagens e a música são produto de uma época muito específica. Incomunicabilidade, desorientação e cenários urbano-depressivos tingidos por uma gama contrastada de cinzentos. O mundo actual não está muito diferente disto, apenas insistem em distrair-nos com a agitação garrida da realidade simplificada e pronta a consumir. Quase ninguém arrisca pôr-nos a olhar para dentro de nós, arquivo de tempos mortos e do vazio relacional. O mundo termina todos os dias e quem lhe procura os limites acaba fazendo a manobra de retorno. Como dizia o Morrison, daqui ninguém sai vivo.

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