4.13.2010

Parto sem dor


























Deixem-me contar, sem querer armar espalhafato, que tomei contacto com a música de Sean Riley & the Slowriders a pretexto da próxima sessão NOGO.kino, que é já esta sexta-feira. Não é sério princípio programar música sem ouvir primeiro, e só macaco velho como eu se pode fiar em intuições. E que bela intuição me levou até à banda de Coimbra. Primeiro: quando escutei o disco Farewell (2007, edições Valentim de Carvalho) nunca me passaria pela cabeça que Sean Riley fosse nome artístico que cobre a identidade de Afonso Rodrigues. Não serei a pessoa perfeita para avaliá-lo, mas considero-me capaz para afirmar a verosimilhança de uma voz, da pronúncia e do universo lírico deste escritor de canções. Sean Riley podia ser descendente dos muitos irlandeses que em tempos emigraram para os Estados Unidos, e Portugal só teria a lucrar com o seu regresso ao velho continente. Segundo: a música boa não deve penalizar-se com comparações, muito menos reclamar uma identidade só sua. Estou certo de que Sean Riley & the Slowriders se reconhecem na tradição que vem dos Velvet Underground e dos Doors de baixa rotação, prolongada décadas depois em projectos tão imediatamente maduros quanto os Cowboy Junkies e os Walkabouts. Na música de Sean Riley & the Slowriders a folk encontra o rock, assim como a estrada encontra a noite. Tudo no primeiro disco. Tudo a soar verdadeiro.

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