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[...] Gray tomou a estrutura de Noites Brancas, de Dostoievski, para realizar uma sensível meditação sobre o combate que existe em nosso interior quando nos deparamos com a mentira romântica. Para quem já suspeita, o termo é obviamente tirado de René Girard, que, com seu primeiro livro, Mentira Romântica e Verdade Romanesca [...], mostra como o homem gosta de se envolver em relações miméticas, i.e, de imitação e de apropriação de comportamento, porque, antes de tudo, ele prefere sempre colocar alguém - uma mulher, uma idéia, um modo de vida - como um ídolo absoluto, ao invés de se confrontar com a realidade.
[...] James Gray toma o caminho de criticar a mentira romântica - algo completamente oposto a qualquer filme romântico feito nos nossos dias - e tem a proeza de filmá-la [...] como um crime. Porque a mentira romântica é exatamente isso: um crime contra o real, contra nós mesmos e, no fundo, contra as pessoas que realmente nos amam.
Martim Vasques da Cunha, Nós que nos amávamos tanto... , no Dicta&Contradicta.