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O que vou escrever vai soar reaccionário e é mesmo. Ultimamente ando com pouca disponibilidade para o formalismo exibido por grande parte do cinema de autor. Originais são aqueles que apagam as referências que de caminho deixam para trás. Ou que as integraram de modo a tornarem-nas invisíveis. Mas o que é mais comum é ver-se por aí demasiado gato escondido com o rabo de fora. Vem isto a propósito da primeira desilusão com origem na programação do Indie - nalguma sessão teria de acontecer... Wild Life, de Shinji Aoyama, é um daqueles divertimentos falsamente despretensiosos que à boa maneira da nouvelle vague distrai-se em malabarismos fragmentários que visam dificultar o entendimento da intriga, ainda que paródica, e que brinca às citações sem motivação aparente e ao cabotinismo até à exasperação. Aoyama experimenta com o baralhar dos planos temporais, só que tanta cambalhota vai rapidamente na direcção da irrelevância. Já vimos gangsters mais carismáticos e sedutores em Godard e Kitano, para ficar por referências que suspeito serem as de Wild Life. E até o nosso Rogério Ceitil já terá acertado em paródia com outra graça nos episódios de Duarte e Cia., triunfal absurdo lusitano. Wild Life, pelo contrário, pareceu-me um capricho sem sentir e sem sentido. Pobrezinho. Shinji, Shinji, porque me abandonaste? (1 estrela)