5.21.2009

Der himmel über Las Vegas
















Pode-se olhar para Leaving Las Vegas de Mike Figgis como para um sonho ou um pesadelo. O filme é a fantasia hiper-romântica sobre dois seres que o mundo deixou para trás ("Have you ever had the feeling/ That the world's gone and left you behind"), ou então que sucumbiram aos acontecimentos das suas vidas. A cidade de Las Vegas, que tem sempre aquela irrealidade dos néones e das noites que parecem não acabar nunca, funcionará como purgatório (parte inferno, parte paraíso, a dicotomia é a constante do filme) para o "vampiro" Ben e para o "anjo" Sera, que se encontram no desamparado das suas existências, e que irão celebrar um pacto: ele prosseguirá como o plano de se suicidar garrafa após garrafa, e ela continuará a prostituir-se tal como fazia antes de o conhecer. As lógicas de cada um não serão comprometidas pelo facto de passarem a ter uma história comum. Pelo menos até que um dos dois morra. Assim, o penúltimo fôlego de Ben será o primeiro que dá "dentro" de Sera. O derradeiro testemunho dela para a câmara (para nós) é uma declaração de amor que abre perspectivas de ruptura com a sua auto-condenação. A mulher do sonho sobrevive ao homem, e o pesadelo termina. Em matéria “crepuscular” o meu coração não vai além disto.

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