6.02.2008

Concertão
























Prescindir de ir a concertos é passatempo que me caracteriza. Então quando a oferta é esmagadora, devolvo-lhe em recusa igualmente radical. Falhei Colleen, Nick Cave & the Bad Seeds, os The National, o Celso Fonseca, o Luiz Tatit, a Cat Power, e preparava a real balda para Bill Callahan. O ímpeto fraquejou face à perspectiva do jantar com os amigos que me acompanhariam (ou eu a eles) ao concerto do Santiago Alquimista. Um concertão, com a casa a menos de metade, e todos nós bem próximos dos músicos. Bill Callahan pareceu-me, disse-o na altura, um compósito de Stuart Stapples com Pedro Costa. Dava ares de se sentir acossado em palco, as palavras entre canções eram breves, a atitude apenas simpática o suficiente. Também não estávamos lá para sermos acarinhados. Queríamos aquela tensão, a rígidez dos músculos faciais de Callahan que pareciam prender as palavras, queríamos o fraseado minimal e hipnótico das guitarras, e tudo isso aconteceu de início ao fim. Arrancou com Our Anniversary (de Supper), passou por Cold Blodded Old Times (de Knock Knock), por vários dos seus discos, não teve um único momento abaixo da excelência. De cotovelos apoiados no balcão do bar (a imperial custava 2 euros), apenas tirei olhos do palco com o anseio de colocar as mãos nas costas todas todas descobertas, e de simetria estonteante, da menina que dois metros à minha direita se bamboleava só para ela.

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