Polícia – So who the hell did you fuck to get this job?
Walter – Myself. It was easier than it looked.
Polícia – Yeah, fucking yourself always is.
O final de Assalto ao Metro 123/ The Taking of Pelham 123 (2009) está próximo e Walter Garber (Denzel Washington), negociador improvisado, vê-se forçado a entregar 10 milhões de dólares a Ryder (John Travolta, um quase erro de casting) e restantes cúmplices, que uma hora antes haviam sequestrado o metro 123, mantendo-se na composição principal, separada das restantes, e tendo 17 reféns por companhia.
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Isto não é um vulgar filme de sequestro e imagino que a razão não se prenda só com o facto de se tratar da recriação de obra estimada da década de 70 com o mesmo nome. Existe na versão de Tony Scott, com argumento de Brian Helgeland, uma ambiguidade discreta mas decisiva, que diz respeito a Garber, despromovido nas suas funções no metro de Nova Iorque, enquanto decorre o processo de averiguações onde é suspeito de ter recebido um suborno.
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Ryder chega a inquiri-lo sobre o sucedido e Garber não tem outra alternativa a não ser “confessar” para poupar um dos reféns, mas a sua culpabilidade nunca chegará a ser clarificada. Porque arriscará ele a vida, indo-se juntar aos sequestradores levando-lhes os milhões, se não for no fundo para expiar a culpa? E assim, recuando um título na filmografia de Tony Scott, deparamo-nos com outra história de redenção e carris.
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Aplique-se a escala Michael Mann, que é a que melhor se adequa a um filme do género de Assalto ao Metro 123, e a classificação de 3 estrelas (em 5) parece-me justa. O filme ganha-se na dúvida de uma culpa que não se chega a apurar, e que o Mayor (James Gandolfini), usando de sentido de oportunidade, tratará de pôr para trás das costas, ao agradecer o gesto corajoso de Walter para com a cidade, e que o espectador suspeitoso também relativizará em força dos acontecimentos.
Num filme pejado de remissões ao catolicismo é caso para desafiar quem se julga inocente a mostrar indignação. Tony Scott realizou este filme para a maioria culpada que somos quase todos.