2.27.2008

Cabidela e "óscares"



















Esta é a capa da edição simples que traz highlights do musical de Stephen Sondheim adaptado ao cinema por Tim Burton. Highlights retirados de um alinhamento de cerca de duas horas que outra coisa não tem a não ser a maestria do compositor norte-americano escarrapachada em cada nota. A selecção faz mais sentido para aqueles que já têm qualquer outra versão completa (é o caso). Trata-se de uma descarga concentrada de boas memórias: do musical mas também do filme que não sendo obra-prima - os compromissos da indústria limitam a radicalidade possível do projecto -, é uma bela transcrição que se encerra com os 15 ou 20 minutos mais intensos que o cinema estreado este ano até aqui nos mostrou. Por contraste, a cerimónia dos Oscars do passado domingo foi até bastante morna e vazia de surpresa. Sintomático da sensibilidade dominante nos votantes da Academia foi a atribuição do prémio de Melhor Actor ao histrionismo insuportável de Daniel Day-Lewis (o meu favorito era, em filme menor, o trabalho de Tommy Lee Jones no "vale de Elah"). Seria quase masoquista pensar-se na qualidade de uma obra como Sweeney Todd quando comparada com as propostas a escrutínio: falta ver o filme dos Coen do qual tenho recebido os mais entusiásticos ecos. Um génio que o filme de Burton deixa observar e escutar a espaços - e cuja banda-sonora dá amplo testemunho. De resto, e na minha nada modesta opinião, o Oscar de filme mais pretensioso e aborrecido podia bem ser disputado entre O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, de Andrew Dominik e Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson. Eles que se degolem um ou outro frente à minha total indiferença.

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