7.16.2007

Discos da vida ao sabor da busca de assunto (3)




















Devo o encontro com o cancioneiro de Stephen Sondheim ao compêndio de 69 canções de amor deste senhor, cuja inspiração vinha, dizia ele, em grande parte, das horas passadas nos bares de hotéis de Nova Iorque a escutar clássicos da Broadway à voz e piano. Devo o meu regresso às canções de Sondheim a este musical - recomendação de um outro senhor - que é a entrada mais recente para os discos da minha vida. Ouço Company talvez há uns dois anos, sempre com paixão, sempre com o desejo de superação das minhas limitações vocais. Não sou propriamente versado na história da Broadway como o segundo senhor (a maior autoridade que conheço em tão nobre género), embora acredite que os méritos de Company - a extrema inteligência e musicalidade da escrita aliada a um conjunto de interpretações definitivas, que a edição DVD dirigida por D.A. "don't look back" Pennebaker em parte explica - se mantenham inultrapassados até hoje. Company é o musical de todos os musicais, revolucionário na sua estrutura de muito ténue intriga e na profundíssima problematização da relações dos casais e da dúvida que cada vez mais nos assalta: vale mais a pena estar sozinho ou acompanhado? Sondheim levou a inteligência da sua proposta até às derradeiras consequências, proporcionando que se opte por um desfecho conclusivo ou em aberto. E depois, sacudidas as inevitáveis mas espúrias especulações, Company apresenta sobretudo um conjunto de arrebatadoras canções (Sorry-Grateful, Ladies Who Lunch, Side By Side, Being Alive), variando constantemente o ritmo, os arranjos, as dinâmicas, as situações, o humor, num imparável saciar do nosso apetite melómano. É muito bom pensar que daqui a umas décadas, se por cá andar, não terei visto diminuir um cabelo que seja do entusiasmo que sinto pelo conjunto da obra de Sondheim (escutem-no no Collector's Sondheim, três CD's, por exemplo) e por este Company, tão universal e tão mais particular.

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