11.25.2011

Eastwood material



















A notícia motivou tanta surpresa e agrado que quase esqueci o entusiasmo que com ele me havia falado do novo Alexander Payne que vira no Festival de Toronto. Clint Eastwood ia voltar a filmar-se com uma obra ambientada no universo do baseball. Clint actor-realizador outra vez e tudo a dar a impressão de um Million Dollar Baby com tacos em substituição das luvas de boxe. Mas o filme não é bem este. Já tem título, Trouble With the Curve, e será em princípio dirigido por um colaborador de Eastwood dos anos recentes, o produtor Robert Lorenz. E Clint Eastwood assegura o papel principal? Tudo indica que sim. Há vida depois Gran Torino! Aquelas rugas e aquele esgar não se despediram de nós em definitivo.
Diz-nos a biografia do ícone norte-americano que filme onde Eastwood entra tem sempre algo de "Eastwood material"; aquilo que lhe interessa enquanto actor não difere quase nada do que ele escolhe realizar. E sabemos também que rodagem de que Eastwood faça parte é automaticamente contaminada pela sua presença (Wolfgang Petersen que o diga...), e o material final mostra o que o toque do realizador pode fazer mesmo quando o seu trabalho se limita a estar na frente das câmeras. Trouble With the Curve conta a história de um velho profissional do baseball, quase cego, que fará uma última viagem com a filha (fala-se de Amy Adams para o papel) na expectativa de um bom negócio. Não sei ao que se refere o negócio, mas interessa-me sobretudo a ideia da última viagem. São poucos os elementos, suficientes no entanto para vislumbrar o potencial que Robert Lorenz tem em mãos (talvez uma espécie de Honkytonk Man; filme admirável apesar de pouco visto, em que Clint contracenava com o filho Kyle Eastwood), e tudo o que Eastwood poderá trazer ao projecto: tudo aquilo que da sua personalidade e génio pode ser vertido para Trouble With the Curve.
Quero muito ver J. Edgar, só que de repente tenho a sensação de que vou envolver-me mais com aquele pequeno filme. A presença de Eastwood faz milagres pela minha relação com o cinema. Basta mirá-lo e já está!

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