2.19.2013

1.16.2013

Fim.

Com a vossa licença, encerro aqui estes devaneios.

Até sempre.

1.14.2013

Se é amor

Bêbedos de cinema


Isto sim era beber.

1.11.2013

B.o.b


With your childhood flames on your midnight rug
And your Spanish manners, and your mother's drugs
And your cowboy mouth and your curfew plugs
Who among them do you think could resist you ?
Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Oh, sad-eyed lady, should I wait ?


Para um disco destes não há ilhas desertas.

1.10.2013

O jogo da morte



















Game of Death/ Jogo da Morte (1978)  foi o derradeiro filme de Bruce Lee, que morreu durante a rodagem. Basicamente consistia numa série de combates que decorriam no mesmo prédio, aumentando o grau de dificuldade de cada vez que Lee subia ao andar seguinte. O conceito antecipava aquilo que se veio a tornar um vector principal dos jogos de computador, que de novo no cinema, e com sucesso considerável, conheceu a variante indonésia com The Raid (2011), do galês Gareth Evans. Existe armamento de três espécies neste The Raid: revólveres e metralhadoras, catanas enferrujadas, e as mãos nuas. Chegados às mãos nuas o filme torna-se verdadeiramente espectacular. Assim como um cruzamento de John Carpenter e Tex Avery, vitaminado por uma trilha sonora electrónica que acentua a dimensão de "jogo" sem abafar as proezas cinéticas.

1.08.2013

Obrigado Kennedy Center! Obrigado You Tube! Obrigado Lia Ferreira!

Paraíso na terra

Elogio do humor kamikaze


Há qualquer coisa na figura de George (Adam Sandler), um comediante de sucesso que vive sozinho numa enorme e labiríntica mansão, rodeado de ecrãs onde frequentemente se projectam imagens dele próprio, que faz lembrar Citizen Kane de Orson Welles, retrato de alguém igualmente poderoso que antagonizara muita gente ao longo da vida, no serviço do poder e do ego. Seria demagógico pretender colocar Funny People/ Gente Gira (2009) no patamar desse clássico dos clássicos, embora esta comédia kamikaze de Judd Apatow mostre ambição que em muito ultrapassa o âmbito do género. É um filme que conta várias histórias, que está repleto de personagens que deixam marca, que ao mesmo tempo homenageia o universo da stand-up comedy (são vários os comediantes que aqui fazem uma perninha, e de várias gerações), que reflecte sobre uma hipótese do que é viver o papel de celebridade, que desconstrói o artifício em que as nossas vidas assentam quando condicionadas por pequenas ou não tão pequenas vaidades e expectativas, sempre num registo de sarcasmo que gera por vezes o desconforto. Mas que tem igualmente muita graça.
A escrita de Apatow atinge neste filme um claro apogeu, apesar da montagem final (no caso a edição DVD que corresponde à minutagem da versão comercial) revelar eventuais cedências que se fazem sentir nas alterações abruptas do ritmo do filme na segunda metade. Abrem-se mesmo assim excelentes perspectivas para o novo Apatow, This is 40!, com estreia em Portugal anunciada para o final de Fevereiro.
De volta a Funny People, e a um dos seus maiores prazeres, é de realçar o trabalho com os actores recorrentes nos filmes de Judd Apatow, entre eles Seth Rogen, que o realizador continuamente promove como projecto de homem de família de que ninguém está à espera. Numa das melhores sequências de Funny People, uma antiga namorada de George (interpretada pela mulher de Apatow na vida real...), de quem este se reaproxima doze anos mais tarde, quando o comediante tem conhecimento de que sofre de uma forma rara de leucemia que o pode vir a matar (mas depois fica curado), mostra-lhe a ele e ao amigo Ira (Seth Rogen) um vídeo da filha (protagonizada por uma das filhas de Apatow na vida real...) que interpreta no palco da escola o tema Memory do musical Cats. A indiferença de George é contrastada pela comoção de Ira, que não é de todo a quem aquele momento é dirigido. Ira está ali no papel de escudeiro do humorista da triste figura (Sandler), que não merece reaver a sua princesa.
O conto de fadas moderno é outra das dimensões que se podem retirar desta comédia kamikaze, que lida com a acidez do humor despertado pela proximidade da morte, que o prolongamento da vida se encarregará de revelar ser produto de uma natureza cínica e solitária não inteiramente incapaz de experimentar a pequena redenção. A troca de papéis da última cena é disso exemplo, e o corolário de um filme inteligente e divertido. O menos “perfeito” (porque truncado, apesar da sua duração de mais de duas horas) mas o mais complexo e polimórfico trabalho de Judd Apatow.

1.07.2013

Une vie dans la journée d'Albert Cossery
























Clicar na imagem.

Esta coisa da Almaz


Já lhe chamaram samba psicadélico.

Passaram quase três anos desde que ouvi falar deste disco pela primeira vez. Em conversa com Henrique Amaro, procurando ir além de Los Hermanos ou de outras referências ainda mais óbvias do que sabia da música brasileira contemporânea. Não são óbvias as afinidades entre a banda Almaz e os Hermanos. Mas existem. A energia do rock e a mestiçagem de géneros. A fusão. A ponte estendida para o lado de cá do Atlântico. Tropicália actualizada.     

Exemplos:





1.04.2013

O fazer da poesia

























Como dizia Jean-Luc Nancy, tantas vezes citado por Manuel António Pina, a poesia é algo que não se define a não ser pelo acto de a fazer. É o fazer da poesia a definição possível do que é poesia.

Grace under pressure II



O que ela teve que suportar até que se falasse de Shakespeare, o "propósito" da entrevista, I'm sure, e como o fez com absoluta graça e total inteligência: o que diz da Playboy é uma iluminação. Luz directa. Brilha até hoje.

Tipos normais com incrível talento

1.03.2013

Amazing 08.02.13

Ainda bola



















«Havia a essa hora uma manifestação estudantil na Baixa contra a Queima das Fitas. Foi para lá, para a gritaria, para o tumulto, para as correrias à frente da Polícia de Choque, que fugi de Ruy Belo. Na altura tudo aquilo me parecia (e pressentia vagamente que Ruy Belo havia de ser da mesma opinião) bem mais poético do que ficar numa mesa de poetas a falar de versos. (Com Ruy Belo, eu teria, se calhar, preferido falar de futebol, pois nada do que poderia dizer-lhe sobre versos, principalmente sobre os seus versos, podia ser dito; mas com Eugénio, João Miguel e Joaquim por perto o futebol estava inteiramente fora de questão...)»

Breve Encontro, Visão, 14.08.2003

Há um jogador de rugby à solta na Premier League




1.02.2013

Ela é o meu John Ford

When the Spurs



















Oh when the Spurs,
Go marching in,
Oh when the Spurs go marching in,
I wanna be in that number,
When the Spurs go marching in...

12.28.2012

2013 vem já a seguir

2012 Cinema





2012 Música





77






















©  Daniel Rocha


Parabéns, Fernando Lopes.

12.27.2012

Ler nas sombras




















«Muito poucos seres humanos são capazes de aceitar a ideia do «absurdo existencialista», de que estamos «atirados» aqui no mundo por obra de um acaso incompreensível, de um acidente estelar, que as nossas vidas são meras casualidades desprovidas de ordem e de concerto e que tudo o que com elas aconteça ou deixe de acontecer depende exclusivamente da nossa conduta e vontade e da situação social e histórica em que nos encontramos inseridos.»


Antecipando a referência a Camus (via O Mito de Sisifo), Mario Vargas Llosa, nesse livro recente e valioso que é A Civilização do Espectáculo, dá a definição mais sucinta e transparente que li do cinema de Béla Tarr, sem que sequer minimamente se tenha querido a ele referir. Num bom pensamento cabem várias ideias. Quem se apropria do que lê pode acrescentar outros sentidos, originados até por uma radical descontextualização.

Tabu à brasileira




















O negro da pele e o branco dos trapos. Reside aqui o essencial de Barravento (1962), obra inaugural de Glauber Rocha, obra aos contrastes. Caso lhe retirássemos os sons, nada essencial se perderia. O preto-e-branco ajudar o fazer poético, mas não havendo arte não se operam milagres. Os milagres de Barravento são feitos do que ali existe, nos corpos e nos cenários quotidianos dos pescadores da Bahía. O folclore é acessório e nem dá azo a colorir, porque a própria natureza material do filme não o permite.


Keith's gonna do a little T&A




Liricamente é pobre, como se pode ouvir ("little r'n'r, tits and ass", e não sai dali), dá até a sensação de ser uma canção por acabar (faz parte desse disco de "sobras", Tattoo You, que muitos vêem como o último álbum da banda a que vale a pena dar atenção), mas tem aquele estilo puro rock'n'roll em que os Stones eram imbatíveis.

12.26.2012

Trkvsk

A combustão no púlpito




Ao contrário do que o título pode sugerir, O Apóstolo (1997) não é um filme do culto, mas que bom seria que se tivesse tornado um filme de culto. Dirige-se, em particular, aos pecadores, que somos nós todos. Escrito, produzido, realizado e interpretado pelo monumental Robert Duvall. É como se o odor a napalm viesse do púlpito.

12.23.2012

Atétarrepia
































Frank Ocean mostra como se faz um clássico à primeira.

12.21.2012

GY!WE






















Em termos sonoros fomos transportados para o próximo ano, ontem, no Teatro Maria Matos. Seis muito bravos guitarristas e uma secção de metais igualmente concentrada. E depois Ben Frost, maestro dos botões, mudulando a cadência e intensidadde vulcânica da performance. Godspeed You! White Emperor.

De que adianta.







































«Qualquer homem que não tem medo da sua mulher (coisa rara, porque os homens sempre têm medo da mulher que ama) sabe que toda mulher é sempre insatisfeita. Em parte, podemos até reconhecer que durante muito tempo, talvez, os homens não se preocupassem em fazer gozar suas mulheres. A afirmação de que muitas mulheres nunca gozaram se tornou uma máxima típica de sabedoria chinesa: independentemente de fazer ou não sentido, é sempre tomada como sabedoria muito profunda. Mas não me parece que mulheres "livres" ainda possam usar desse argumento, e, no entanto, a insatisfação bovariana continua. Não adianta, minha querida leitora, você nunca vai ficar satisfeita com o que tem. Logo nascerá em você aquele gosto azedo do vazio do que já não é mais novo.»


A tempo de ser o meu livro do ano.

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