5.30.2008

Yôga de pronto socorro



















Há um jantar marcado. Um grande amigo apresenta-nos a companheira. Trata-se de uma mulher verdadeiramente deslumbrante. Como reagir?
a) Inventar uma desculpa e sair pela primeira porta que avistarmos.
b) Passar o resto da noite com insinuações e dar cabo da amizade.
c) Executar o Shambhavi Mudra com o Moola Bandha.

5.29.2008

Velas que ardem até ao fim















Japanese novelist Jun'ichiro Tanizaki disdained the "violent" artificial light wrought by modern civilization. I, too, am an anachronist: rather than live at the "cutting edge" of the contemporary, I feel more at ease in the absent past. Domesticating fire sure marks humankind's ascendancy over other species. For the last several million years since, we’ve illuminated the night with flames. I decided to record "the life of a candle." Late one midsummer night, I threw open the windows, and invited in the night breeze. Lighting a candle, I also stopped open my camera lens. After several hours of wavering in the breeze, the candle burned out. Savoring the dark, I slowly closed the shutter. The candle's life varied on any given night ― short intensely burning nights, long constantly glowing nights ― each different, yet equally lovely in its afterglow.

Hiroshi Sugimoto

5.28.2008

Nocturno

Com a proliferação de vídeos no You Tube, muitas vezes é difícil perceber se se tratam ou não de clips oficiais. Este é um caso. Inclino-me para pensar que foi alguém de talento e bom gosto óbvios, que resolveu ilustrar a canção, "Teach Me How to Fight", dos Junior Boys, cujo som convoca simultaneamente memórias dos Blue Nile e Notwist. A canção já em tempos esteve neste blogue. Regressa agora com imagem. Soberba.

5.27.2008

Sydney Pollack (1934-2008)
























Recordo-o pelos filmes que dirigiu. Pelos que produziu (fê-lo para Os Fabulosos Irmãos Baker, caramba). Quando aceitou entrar em filmes de outros, os resultados foram sempre impressionantes: pensem no Husbands and Wives, no Eyes Wide Shut, no ainda recente Michael Clayton. Gostava de histórias de amor adultas (impossíveis), de relatos de tomadas de consciência moral (inglórias), da intimidade tratada em escalas da mais variada amplitude. Era ponderado e inteligente quando reflectia sobre a sua actividade e cada um dos seus filmes. Teve merecido reconhecimento, e em tempos em que os mais velhos iam mais frequentemente ao cinema, chegou a ser um realizador muito popular. Era um tipo com imensa pinta. So long, yakuza!

À atenção dos programadores do IndieLisboa

















Tokyo Sonata, de Kiyoshi Kurosawa, vencedor do Prémio do Júri da secção Un Certain Regard, Cannes 2008. Diz, quem viu, que é um filme absolutamente singular. Kiyoshi Kurosawa é cineasta há muito celebrado em França, tem grande parte da sua obra situada no reduto do cinema fantástico, e aqui respeitosamente se pede que considerem o seu nome para a categoria (retrospectiva) de Herói Independente da edição 2009, do IndieLisboa. Mantenham-se a oriente, e continuem a surpreender-nos.

5.26.2008

O céu pode esperar






















Há neste disco um lado (auto)biográfico que mais do que se adivinha, e que é particularmente tocante quando o "personagem" das canções imaginamos ser Grant McLennan, o outro fundador dos Go-Betweens, desaparecido vai para dois anos. Ninguém conheceria McLennan como Robert Forster. Se The Evangelist em muito se assemelha a um disco dos Go-Betweens, é porque McLennan e Forster além de melhores amigos um do outro, eram também músicos quase siameses. Acaba assim sendo natural constatarmos o que de um continua a viver no outro. Se do ponto de vista musical este é um grande disco (de uma economia de recursos exemplar), à escala do homem trata-se de um trabalho superlativo: através do qual cada um de nós poderá experimentar um efeito de reconhecimento. Enquanto Robert Forster fizer música os Go-Betweens nunca deixarão de existir.

5.23.2008

Novembro o ano inteiro



















Céus azuis são todos parecidos uns com os outros.
Um céu de chumbo marca-nos o dia à sua maneira.

Trailer

AlÔ, LOURENÇO! (como é que se faz a porra do link na área de texto do "Post to Blog"?)

What a glorious feeling

Directo para os amigos que enfrentaram os chuviscos de ontem, para serem a minha plateia. Como então lhes disse, fizeram toda a diferença. Obrigado, muito obrigado. (e os Go-Betweens, "Spring Rain")

5.21.2008

Nós por Cannes todos bem

















A equipa de Aquele Querido Mês de Agosto em plena Croisette, ou quelque chose comme ça. O filme passa neste momento. Allez mes braves.

Akram Khan I

Kaash - Culturgest - 24 de Junho 2002

Akram Kahn II

Zero Degrees - CCB - 5 e 6 de Julho 2006

Akram Khan III

Bahok - CCB - 30 e 31 de Maio 2008

5.20.2008

Colombo
























Manoel de Oliveira encontra a América (em Cannes), à beira de completar cem anos. Mais vale tarde.

Imagem: François Guillot/ AFP

Aonde estejas (pelo mundo)






















Às vezes ponho-me a pensar sobre quantos serão os meus heróis musicais. Nem tantos como isso: David Sylvian, Joan Manuel Serrat, June Tabor, Paolo Conte, Serge Gainsbourg, Harold Budd, Scott Walker, Brian Eno, gente que leva a que acerca deles me mantenha sobejamente documentado. Já outras obrigações resultaram em que não fizesse referência ao sexagésimo aniversário de Mr. Eno, ocorrido no passado dia 15. Deixo aqui a peça jornalística do Independent, das poucas que terão sido escritas a propósito. Parabéns Brian Eno, onde quer que estejas.

Are you ready to be heartbroken















By the 30 century man. Se não gosta de Scott Walker, abstenha-se de aparecer esta quinta-feira no bar Agito, a partir das 22h. Eu ponho a música, mas ele é que manda.

5.19.2008

Memorabilia para betos e freaks



















Fui há dias em curta viagem com amigos que veneram livros e escritores, e filósofos, e que gostam de assobiar músicas das séries de TV britânicas. Não consigo imaginar outro disco que se lhes adeque tão perfeitamente.




















Consigo adivinhar pilosidades sovacais, tão do meu desagrado, mas tratando-se de extras que não chegam até nós, nem remasterizados, é possível auscultar o potencial inodoro de um disco que é afinal um grande disco. A produção de John Cale injeta-lhe uma energia velvetiana que assina, com sabemos, com a grafia dos clássicos.

5.15.2008

Assim ficaram

Esquecer as legendas, a péssima qualidade da imagem, o contador irritante no centro, e avançar o primeiro minuto e 45 segundos. Esta voz, ainda que um pouco escondida, resiste a tudo.

5.14.2008

Faz-te despercebido








Também já escrevi a palavra "desapercebido", quando queria dizer "despercebido".

Desapercebido - desprevenido, desacautelado, desguarnecido.
Despercebido - que não se viu ou ouviu; sem ser notado; a que se não prestou atenção.

Imagem: Debra Winger, apanhada ilusoriamente desapercebida no fascinante The Sheltering Sky, de Bernardo Bertolucci. Passar despercebido, enquanto se olha para a nossa mulher que dorme, é das experiências mais intensas que um homem pode viver.

5.13.2008

Complexidade e coerência


















Ou o motivo porque não posso corresponder às simpáticas expectativas deste senhor. Olé!

5.10.2008

Coisas simples
























Apetece-me sempre ouvir este disco. Parece que não é devidamente apreciado. Paciência.

O mês deles


Agosto é o mês dela: Sónia Bandeira, ou antes, Tânia, em Aquele Querido Mês de Agosto, filme de excepção também no sentido em que é figura solitária da presença portuguesa deste ano no Festival de Cannes: decorre de 15 a 26 de Maio. Foi mostrado à imprensa hoje pela manhã. É um objecto constituído de fulgurâncias várias, como se se tratassem de peças de um dominó de trajecto incerto que desenha figuras abstractas, como na música. O filme de Miguel Gomes está cheio dela(s): de Sónia, que rouba para si o enquadramento de cada vez que surge, e de magníficas canções de baile, retiradas do melhor que os repertórios de Luís MARANTE e Tony Carreira têm para dar. É custoso lembrar outro filme que mostre tamanha consciência da matéria de que o cinema é feito, que nos iluda revelando o truque não somente aos avisados, que acredite no supremo artifício como meio de o cinema do presente atingir a pureza expressiva de tempos bem passados. Tudo pode ser tudo, todos podem ser todos em Aquele Querido Mês de Agosto, território de sonho, sonhado pelo menino que resiste no cinema de Miguel Gomes. Aquele Querido Mês de Agosto revela-se sacana, irrequieto e delirante como o imaginário de uma criança. O sentido de pudor mantém a história amorosa do pai, da sua filha (Sónia Bandeira), e do primo desta, em território relativamente inofensivo. E o filme constrói a sua cosmologia beirã onde os vários elementos se equivalem: javalis vindos de serem abatidos, maridos cornos nas canções do agrupamento Diapasão, simples de espírito como o Paulo "Moleiro", que todos os anos tem o seu momento de glória quando executa o mortal dirigido às águas do Alva, carros de bombeiros ou então motoqueiros que bailam pelas curvas sinuosas das estradas secundárias. Aquele Querido Mês de Agosto é festa popular transformada em celebração individual. Se aceitarem o convite não esperem um programa à vossa maneira. Há os filmes de que queremos gostar à nossa imagem, e aqueles que levam (ou não) a que deles gostemos como se fossemos outro dos seus caprichos. Na essência, este é um filme absolutamente feminino. Não diz nunca o que quer de nós. É pegar ou largar.

5.09.2008

S. Walker's Day (quando nós quisermos)
























O que anteriormente aqui escrevi a propósito deste filme extraordinário, sai reforçado num segundo visionamento. Com o DVD temos o bónus de poder assistir a pontas soltas de todos os depoimentos recolhidos junto das luminárias que connosco partilham paixão comum pela obra de Scott Walker. A este todo sobrepõe-se a meu ver a desarmante simplicidade que Scott Walker (nascido Noel Scott Engel) usa ao repassar diversos momentos e aspectos da sua carreira, em tudo equivalente à discrição da sua postura em estúdio, onde investe numa radical experimentação sonora que não recusa a tecnologia nem o recurso às mais primitivas matérias. Partimos para este objecto de encontro ao mito, e saímos de lá com a imagem de um homem gentil que outra coisa não fez que seguir o caminho da sua própria natureza. E saímos também com redobrada motivação para conviver com o lado despojado e sombrio dos seus discos mais "recentes". Até porque é no absoluto do silêncio e da escuridão que voz, sons, e luz se tornam essenciais. Tomem tudo isto por aquilo que é. Uma dádiva da alma.

5.07.2008

My blueberry tears

Dispensa confirmação. Continua sendo o seu filme mais perfeito. Incompleto, mas perfeito. O senão é parte indissociável da beleza, e está para nascer aquele que me convencerá do contrário. A propósito: o filme chama-se "Days of Being Wild". Entre nós, "Dias Selvagens". Provem e comovam-se.

5.05.2008

Crónica

MEDO DO TEMPO

"Tudo interessa, mas nada importa"
Romy Schneider em "A Morte em Directo"

A MORTE tornou-se um espectáculo interessante porque é lenta e assustadora. Assustadora pela demora e porque, depois dela, não existe mais nada. Não existe, pelo menos, mais nada que se veja. Acaba-se o tempo, esse terrível tesouro.

Não temos tempo para ler. Não temos tempo para consolar os inconsoláveis. Não temos tempo para conversar. Não temos tempo para amar. Temos demasiados interesses, demasiado trabalho, demasiadas reuniões, demasiados compromissos. Ou então compras para fazer. Substituímos o tempo pelos centros comerciais. Trocamo-lo por bugigangas, moedas, coisas que brilham. Enchemos o tempo para não nos olharmos no seu espelho. De repente, quando, por um minuto ou dois, paramos, não gostamos da imagem que essa paragem nos devolve - a imagem do que não soubemos ser, da vida que perdemos no meio das mil coisas que fizemos. Não há cirurgia estética que nos arranque de cima as pregas do tempo que gastámos em vez de vivermos. Uma das qualidades que eu mais amava em José Cardoso Pires era essa de preferir a boémia ao dinheiro, o tempo gratuito ao tempo comprado, as pessoas aos papéis. Mesmo que depois enfiasse as pessoas, o pior e o melhor delas, nos seus livros, e que às vezes se autoflagelasse por não ser capaz de se "disciplinar", isto é, prescindir do gozo da vida para escrever mais livros. Escreveu os livros necessários - todos os seus livros são necessários, como o sol, a chuva, o esplendor na relva e o riso. O Zé Cardoso Pires sabia rir e fazer rir, porque sabia gostar a sério e detestar a sério. Sabia do tempo - por isso os seus livros (a jóia póstuma que é "Lavagante" é disso exemplo) são eternos. Sempre que os pássaros voltam a chilrear e Lisboa se enche de sol lembro-me do Zé. Sempre que me deparo com o espectáculo da insensibilidade humana lembro-me do Zé - do que ele diria, de como desfibraria as mais desalmadas almas até lhes encontrar um sentido, uma espécie de obscura graça.

Que diria o Zé Cardoso Pires deste artista alemão que anda à procura de um doente terminal disponível para acabar os seus dias em exposição numa galeria? Não lhe repetiria o nome (nem eu o repito) para não lhe dar a fama que o homem procura. E gargalharia do alegado propósito do "artista" (com aspas, pois), a saber: tornar a morte uma coisa mais amena. Um dos mitos publicitários do nosso tempo é o de que as pessoas perderam a boa relação que tinham com a morte. Quando é que essa boa relação existiu? Só naquelas seitas de doidos, muito em voga nos anos 60 e 70, que defendiam o suicídio colectivo. Morre-se hoje mais devagar, isso sim - e a lentidão incomoda, porque nos obriga a pensar e a sentir, em vez de borboletearmos sobre o mundo fascinante das coisas visíveis. "A arte mente porque é social", escreveu Fernando Pessoa, que sabia exactamente que o seu assunto não era a arte, mas o inacessível enigma da vida, e por isso se resguardou para viver a mais radical das solidões humanas, sentindo tudo de todas as maneiras e legando-nos o segredo absoluto do ser.

A vontade desesperada de fazer da vida uma forma de arte original e espectacular fez com que a italiana Giuseppinna, de 38 anos, que dava pelo nome artístico de Pippa Bacca e era sobrinha do artista conceptual Piero Manzoni, se lançasse pelo mundo, à boleia, vestida de noiva, para depois colar as fotografias desse "projecto" intitulado "Brides on Tour" (Noivas em Viagem), numa galeria. A ideia era viajar assim de Milão a Jerusalém, "através dos países tocados pela guerra" - mas, mal chegou a Istambul, finou-se-lhe o projecto e a vida: foi violada e estrangulada. Ficou a irmã, para dar a explicação póstuma, numa frase que José Cardoso Pires não hesitaria em meter num dos seus romances: "O traje era uma metáfora do encontro com o outro, a união e a busca da parte feminina positiva, da mulher como fonte da vida, estabilidade e sensatez." Este tipo de frases normalmente acaba em tragédia.

Nada disto é novo: em 1980, Bertrand Tavernier realizou um excelente filme intitulado "A Morte em Directo", sobre um homem (Harvey Keitel) contratado por um produtor de televisão sem escrúpulos (Harry Dean Stanton) para filmar, através de uma câmara implantada no seu cérebro, a morte de uma doente terminal (Romy Schneider, que aliás morreria mesmo pouco depois), sem o conhecimento dela, para depois passar essa morte num programa de grande audiência. Nem sequer é nova a ideia de que tudo o que se enfie numa galeria de arte se transforma automaticamente em "arte" - ou seja, em valor comercial. Quanto à morte em si, é a coisa mais velha do mundo: sempre se fez dinheiro com ela (ou o que quer que existisse de valor antes do dinheiro) e nunca foi bonita de se ver. A diferença é que agora duramos mais, e isso torna-nos arrogantes e tristes, porque nos faz adiar a vida.

Inês Pedrosa
in Expresso, 3 de Maio de 2008

S. Walker's Day

















De amantes de música para amantes de música. Parece ser a fórmula subjacente ao documentário Scott Walker: 30 Century Man, que o IndieLisboa em abençoada hora decidiu mostrar, e por duas ocasiões, na edição deste ano. O filme sobre Scott Walker é tanto mais fascinante quanto em nós produz um duplo impacto: por um lado assistimos à conversa na actualidade (por alturas da gravação de Drift), e a documentos de época, que revelam um pouco (que para o caso é bastante) daquele que é simultaneamente das mais fascinantes e misteriosas personalidades da história da música popular do último meio século. Demasiadas vezes tendemos a sobrevalorizar o efeito da descoberta da obra de um artista, mas no caso de Scott Walker tal poderá assumir a forma de uma possessão, nada mais e nada menos que isso. Recordo ainda que atordoado com a escuta da colectânea Boy Child (que reúne composições presentes nos quatro álbuns lendários, finalmente remasterizados, gravados entre 1967 e 1970), dei por mim a ouvir tudo o que apanhasse, a ler sofregamente a biografia A Deep Shade of Blue, e a gritar interiormente (ou mesmo para fora, quando sozinho) as suas canções, cheias daquela carga romântica e existencial que as enforma. Nunca antes ou depois de Scott Walker um músico, qualquer músico, me fez sentir a condenação às trevas da condição humana de modo tão transcendente e peculiarmente celebratório. O imaginário expressionista de Walker tornava-se nos sonhos despertos dos que lhe nutriam o culto. A voz de Scott Walker fazia ascender aos céus da sua figura mítica de anjo sombrio, e poucos foram os que depois o seguiram na descida aos infernos de que os últimos discos, Tilt e Drift, dão irrefutável testemunho. Quando referi o facto de Scott Walker: 30 Century Man ser estruturado do ponto de vista do amante de música, tal se deve à intenção demonstrada pelo realizador Stephen Kijack em centrar a entrevista com Scott Walker sobre aspectos do seu trabalho criativo, e menos sobre questões biograficas propriamente explícitas. E depois há o outro elemento que leva a que o impacto seja em duplicado, que passa pelo testemunho de gente tão extraordinária como David Bowie, Richard Hawley, Marc Almond, Radiohead (sem Thom Yorke), Brian Eno, Jarvis Cocker e vários outros, que connosco partilham a audição de canções de Scott Walker, cuja impressão recordada se manifesta primeiro nas suas expressões faciais, algo extasiadas, para em seguida tomar a forma de palavras. Ídolos que então baixam à condição de comuns mortais, e que dão testemunho do assombro que é também o deles quando escutam a voz e a música (e os sons) de Scott Walker.

Arquivo do blogue