4.16.2009

O evangelho 'Che' Guevara segundo

















Se a primeira parte do projecto de Steven Soderbergh trata de algum modo da origem do mito, no corpo revolucionário de Ernesto Guevara, o líder, a segunda metade filma um processo de ascese no qual Guevara se torna progressivamente mais 'Che', o tipo, onde cabem vários nomes, muitos ideais, e todas as suspeitas. Soderbergh regista a jornada boliviana em vinhetas curtas e elípticas que dão testemunho de um corpo em vida como se estivera já morto: tal como Guevara comunica a dada altura aos camaradas guerrilheiros ser dever do revolucionário, entregar-se à luta com disponibilidade sacrificial. Isto é reforçado pela "animalidade" da caracterização de Benicio Del Toro, hirsuto e acossado no mato, e pela fragilidade que se apodera do seu porte cansado e doente. É clara a equivalência que Soderbergh estabelece entre a figura do 'Che' e o Cristo dos evangelhos, filmando-o e aos seus seguidores com um sentido poético muito pasoliniano. Fundindo as figuras na paisagem e transmitindo a sensação de que o filme se extingue perante o nosso olhar.

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