4.23.2009

Long distance call














É menos seguro dizer-se que não haverá futuro para os Telefon Tel Aviv, após notícias em Janeiro da morte de um dos elementos do duo norte-americano de música electrónica (Charles Cooper, 1977-2009), do que quando foi divulgado o igualmente trágico desaparecimento de Grant McLennan e consequente interrupção nos The Go-Betweens. Claro que nunca serão os mesmos Telefon Tel Aviv, e foi Joshua Eustis quem primeiro reconheceu a ligação simbiótica que existia entre ambos. A comunicação da morte de Cooper fez de Immolate Yourself disco póstumo. Mas é um registo concluído em absoluto pelo duo original, onde nada parece faltar à sumptuosidade sonora antecipada.
Por confirmar está também em mim o crescimento na relação com o disco, que futuras audições trazem e não trazem. Para já Immolate Yourself parece-me situar-se a meio caminho entre os anteriores CD's do projecto: o todo instrumental Fahrenheit Fair Enough (2001) e o quase perfeito Map of What is Effortless (2004), onde vozes surgiam a espaços e a música dos Telefon Tel Aviv se abria a camadas acrescidas de arrebatamento. Digamos para simplificar que o que os Telefon Tel Aviv vinham fazendo podia ser o resultado da evolução continuada na música dos Depeche Mode, em direcção a um maior abstracionismo onde os vários elementos vocais e instrumentais se diluem uns nos outros, e as composições são transportadas por um magma sonoro que descreve movimentos de ascensão e queda que sentimos com o peito e na própria corrente sanguínea.
Se Immolate Yourself não vier a revelar-se o mais significativo disco dos Telefon Tel Aviv, fica o título que melhor traduz a experimentação desta música.

in memoriam.

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