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Apesar de invisíveis das prateleiras nas lojas portuguesas de discos, os álbuns de Vincent Delerm apresentam-se cada vez mais preciosos. Qual é o segredo afinal da sua escrita de canções onde ocupa um lugar que vem acentuando o seu carácter solitário, já que praticamente ninguém cujo talento se lhe compare o acompanha nesta cadência de um novo CD de originais de dois em dois anos? Na minha opinião é o facto de Delerm conseguir fazer situar a tonalidade das suas canções numa zona cuja luminosidade se assemelha aos breves instantes em que o sol está prestes a nascer ou a desaparecer na linha do horizonte. As músicas de Vincent Delerm possuem essa leveza que escapa à definição no exacto momento em que as pretendemos investir de um pathos qualquer. E não se pense que o músico não se leva a sério. Leva-se, sim. Mas nunca durante um tempo desnecessário. O novo disco chama-se simplesmente Quinze Chansons e acabei de ouvi-lo uma primeira vez. Dura 36 minutos.
P.S. Meu caro Neil Hannon, não quer isto dizer que não tenhamos saudades tuas.