1.07.2009
Uma Gaza portuguesa
Quando eu e o meu irmão mais novo éramos crianças houve alturas em que ele me provocava a pontos de me atirar a ele. O pretexto das brigas não recordo mais. Tudo aconteceu há demasiado tempo atrás. Mas lembro que o deitava ao chão, punha o braço direito à volta do pescoço dele, e com o meu maior peso o imobilizava. Perguntava em seguida se ele se rendia, e a resposta era invariavelmente “Não!” E então eu apertava-lhe mais o pescoço, repetia a pergunta, e ele dava a mesma resposta. E eu apertava e apertava o pescoço dele, e o meu irmão ia ficando cada vez mais vermelho quase roxo. E mais suado pela resistência que opunha à minha força. Nunca se rendendo. Jamais se rendeu. Era “Não!”, “Não!” e “Não!” E o final sempre igual. Eu acabava por ter de o soltar.
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