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Estas imagens estão separadas por cerca de 40 anos. Na foto de cima, vê-se a actuação de Johnny Cash na prisão de Folsom que ficou registada naquele que é provavelmente o melhor disco ao vivo de sempre. Voltei a ele nos últimos dias e por razões que outra ligação não têm entre si excepto fazerem parte da minha vida. E de cada vez que regresso a Cash é com maior respeito e uma admiração ainda mais profunda. Basicamente, eu queria ser como ele: irradiar tamanha masculinidade, um igual carisma.
Na imagem de baixo, que tem por cenário uma vez mais Folsom, observamos as expressões de quatro presidiários que assistem à projecção de Walk the Line, filme de James Mangold que termina com a união de Cash e June Carter para não abdicar de um final feliz. O mais interessante é que estes homens já estavam detidos quando Cash lá fora quarenta anos antes. Não sei se é por isso que a fotografia, em plano fechado sobre os quatro, me parece uma imagem sem tempo. Que tanto podia ser da década de 60 como de hoje. Como se na prisão a vida ficasse como que suspensa, numa pausa necessariamente ilusória e que sempre me atraiu com a força das coisas que à distância nos fascinam, mas que é bem provável que não gostássemos de experimentar: o deserto, para dar outro exemplo.