10.26.2007

Sayonara
























A descoberta dos filmes de Takeshi Kitano, na primeira metade dos anos 90, e por intermédio das primeiras obras - Violent Cop, Boiling Point e em particular Sonatina - marcam a última vez que reagi ao cinema com todos os meus sentidos. Era francamente uma revelação e sentia-me privilegiado quando conversava sobre o japonês com pessoas que partilhavam o meu entusiasmo. Talvez por sermos dois, três, no máximo quatro a fazê-lo, Kitano era um prazer privado que dava a ilusão de estreitar a relação daqueles que viam e que falavam dos seus filmes, e sobre nós aparentemente descia uma espécie de aura cool e não menos burlesca semelhante à dos gangsters de Takeshi - recordo que chegámos a planear ir à antestreia de Hana-bi (o filme que lhe trouxe reconhecimento "universal") envergando camisas havaianas que nunca viemos a comprar. Nos últimos anos, as informações que chegam sobre títulos que nunca cá estrearam apontam no sentido de o cinema de Takeshi Kitano já ter conhecido melhores dias. O cinema para mim já conheceu definitivamente melhores dias (o "shutdown" é aquilo que de mais comum tem agora a minha experiência de espectador, e não me refiro ao apagar das luzes na sala). Sendo que os mais recentes tiveram a assinatura de Takeshi Kitano.

para o Miguel, para o Vasco e para o Júnior (gangsters retirados como eu)

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