10.17.2007

Outros discos planantes


















Desde que ficou paralisado da cintura para baixo em consequência de uma queda, que Robert Wyatt passou a sonhar alto. A sua música tornou-se dócil e leve mesmo quando nela se cant(av)am coisas "graves". Com o passar dos anos parece-me que Wyatt já não leva tão a sério o mundo - e a si próprio, então, ainda menos. Mas há coisas que para o músico são mesmo importantes, e isso nota-se logo à primeira audição do recém editado Comicopera - novo tratado sobre o prazer de fazer música, talvez o único sobre o qual os capazes detêm total controlo. As composições de Robert Wyatt desafiam-nos a ir ao encontro de uma inocência quase uterina. Se não chegarmos lá através da música (de qualquer música), atrevo-me a dizer que ela se tornou irrecuperável. Continuarei a perseguir a minha, arriscando perder-me pelo caminho. Bons sonos.

Nota: o João Lisboa chamou a atenção para a qualidade da entrevista de Rui Tentúgal, no Expresso. Destacando uma passagem que é absolutamente puro Wyatt.

Arquivo do blogue