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A quarta época de Nip/Tuck tem o melhor recomeço de sempre. Os dois primeiros episódios são elucidativos de que Ryan Murphy reforçou Nip/Tuck naquilo que constitui o maior tr(i)unfo da série: a relação de "amor" entre os cirurgiões Christian Troy e Sean McNamara, pesos morais cuja complementaridade é cada vez mais feita daquilo que os aproxima - uma pulsão lúbrica que mascara tipos diferentes de solidão (Sean à deriva com problemas familiares enquanto aguarda o nascimento do terceiro filho; Christian a montar todas as mulheres que lhe aparecem na frente tomado pelo cinismo). É muito boa a exploração da possível bissexualidade de Troy, acompanhada da crise de imagem que nasce da comparação do seu corpo (perfeito, segundo o amigo McNamara) com outros corpos de homens mais novos que ele. E finalmente o investimento em trazer para a série figuras de carisma diverso, do cinema e da televisão do passado. Nos cinco episódios que vi num só dia (estendido até às 3 da madrugada, hélas), surgiram Brooke Shields, Kathleen Turner, Richard Chamberlain, Jacqueline Bisset e Larry "J.R." Hagman, sendo que os dois últimos vieram para ficar. Nip/Tuck é a grande série dramática dos últimos anos (que me perdoem os fãs dos Sopranos).