4.13.2012

Os grandes gestos servem de pouco












Um plano de Wes Anderson não se parece com nenhum outro.

Poucas cenas são elucidativas da mundivisão de Wes Anderson como o flashback em The Darjeeling Limited (2007), quando os três irmãos resolvem parar na garagem onde o pai tinha deixado a reparar o Porsche "vintage" tempo antes de falecer. Movidos por uma intenção sentimental qualquer, desenquadrada das obrigações do momento, uma vez que se deslocam para o funeral do progenitor, os três tentam à força pôr a carcaça museológica em movimento, até compreenderem que o esforço será em vão. É assim o modo operativo do cinema de Wes Anderson. Fixar a vanidade das motivações dos seus protagonistas, porque invariavelmente levam a nada. Em The Darjeeling Limited fica uma viagem espiritual por cumprir: os obstáculos mundanos são demasiado insistentes, assim como as particularidades do carácter dos manos. É um cinema que aborta as conquistas de forma celebratória. Não se pode afirmar que sejam os objectivos que contam. O que importa afinal é o fracasso. Um fracasso em grande estilo. Magnífico Mr. Anderson.

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