6.06.2011

Sónia Brazão


























O terrível episódio que vitimou a actriz Sónia Brazão, internada com queimaduras muito graves resultantes da explosão de gás em sua casa, causou-me uma impressão que não se dissipou ainda. Procurei explicações além do óbvio para aquilo que sinto. Sónia Brazão foi capa da última edição da GQ em que colaborei: Dezembro de 2008. O ensaio fotográfico remetia, em registo de suave erotismo, para o seu passado de bailarina, e a entrevista dava a conhecer uma história portuguesa como tantas outras. Sónia Brazão nunca conseguiu transcender a sua imagem, no sentido do reconhecimento artístico que não se limite ao visual estereotipado (algo que o ensaio fotográfico para a GQ demonstrou ser possível). A opção por habitar um prédio anónimo em Algés condiz com a banalidade da entrevista. Penso nas fragilidades daquele discurso e nos danos irreparáveis agora causados à sua imagem. O que vai ser de Sónia Brazão, outrora vistoso patinho que nunca chegará a ser cisne? Que futuro aguarda esta história portuguesa hoje tão trágica e tão triste?

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